Dionne Warwick faz show com 'as músicas que as pessoas esperam ouvir'

Cantora norte-americana, prima de Whitney Houston e uma das maiores hitmakers dos anos 80 e 90, se apresenta nesta quinta (23), no Espaço das Américas

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Por Julio Maria
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A voz de Dionne Warwick se tornou maior do que seu próprio nome. Um fenômeno de inversão de signos que se aplica a poucos e bons: quando as canções de um cantor têm mais força do que sua própria personalidade, quando o ouvinte se pergunta: de quem é mesmo essa música? O sangue das Warwick só poderia levar a isso. Dionne é irmã de Dee Dee, morta em 2008, menos pop e mais soul. É sobrinha da cantora Cissy Houston, matriz usada na fábrica de doces do rythmn blues, como Gladys Knight. E, logo, prima de Whitney Houston, a eclosão pop e milionária de toda a história da voz negra nos Estados Unidos, morta em 2012, aos 48 anos.

Aos 76, a cantora que vendeu quase 70 milhões de discos, volta para uma apresentação hoje (23), no Espaço das Américas. Dionne pode encher dois ou três shows sem repetir canções. That’s What Friends Are For, I'll Never Love This Way Again, I Say A Little Prayer, Heartbraker. Estava com destaque na campanha planetária USA For África, de 1985, cantando We Are The World ao lado de Willie Nelson. Com o Brasil, alimentou uma paixão desde 1960, quando veio pela primeira vez. Gravou com Ivan Lins, Gil e Gal Costa e chegou a comprar uma casa por aqui.

Dionne Warwick canta no Ladies' Jazz Festival de 2013, na Polônia Foto: EFE/EPA/PIOTR WITTMAN POLAND OUT

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Ao Estado, Dionne respondeu por e-mail. Sobre a possibilidade de ter sofrido preconceito no meio do jazz, sendo ela uma cantora de intenção pop avassaladoramente radiofônica: “Nunca senti preconceito de qualquer músico. Se todos nós cantamos e tocamos as mesmas sete notas, como pode haver preconceito?” Sobre um possível retrocesso nas conquistas raciais em tempos de Donald Trump: “Eu rezo para que ele tenha sucesso. Sempre olho pra frente.” Sobre seu repertório desta noite: “Eu vou cantar as canções que as pessoas esperam de mim, aquelas com as quais elas cresceram.” Sobre esse longo caso com o Brasil: “Amo este País. Ele me deu um enorme abraço desde que cheguei aqui.”

A pergunta mais chata tinha de chegar. Vítima da má administração da carreira por empresários ao longo de mais de 10 anos, Dionne foi à lona em 2013 quando soube de seu débito com o Imposto de Renda dos EUA, algo em torno de US$ 1 milhão. Sobre sua saúde financeira, hoje: “Minha saúde financeira e pessoal estão indo muito bem.” Ok. Sobre o modelo de canto deixado pela família Warwick/Houston: “Eu ainda estou aprendendo, mas costumo chamar as novas cantoras de ‘meus bebês’. O importante é que elas têm criado seu próprio nicho sem depender da indústria e fornecido gravações para pares de ouvidos muito mais jovens do que os meus. Seus sucessos são impressionantes e eu aplaudo a todos, todos os dias.”

DIONNE WARWICK Espaço das Américas. Rua Tagipuru, 795. Tel.: 4003.1212 Quinta (23), às 22hs. Preços: de R$ 90 a R$ 360

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