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Dia da Independência terá concerto em Nova York

Oo maestro brasileiro Nélson Nirenberg apresenta Suíte nº2, de Villa-Lobos, pela primeira vez nos Estados Unidos e faz concerto em comemoração aos descobrimento e à independência brasileira

Por Agencia Estado
Atualização:

Dia 7 de setembro é o Dia da Independência do Brasil, mas as comemorações vão além das fronteiras do País. Em Nova York, o maestro brasileiro Nélson Nirenberg, à frente da New York Chamber Symphony, apresenta Independence Day Gala Concert - 5th Centennial of the Discovery of Brasil. No repertório, Carlos Gomes, Francisco Mignone e Villa-Lobos, para marcar o Dia da Independência, os 500 anos do Descobrimento, 40 da morte de Villa-Lobos e 30 da carreira de Nirenberg no exterior. O espetáculo, que acontecerá no Lincoln Center, no coração de Manhattan, será dividido em duas partes. A primeira trará Abertura da Opera Fosca, de Carlos Gomes, e Fantasia Brasileira nº 3, de Francisco Mignone. Já a segunda será totalmente dedicada a Villa-Lobos - sua Suíte nº 2 será executada pela primeira vez nos Estados Unidos. "A idéia foi mostrar um panorama da música brasileira", explica Nirenberg. Aos 45 anos, o maestro, que nasceu no Rio de Janeiro e fez sua primeira apresentação aos 10 anos (um solo de violino), conta que a expectativa em torno do evento tem sido grande. "A resposta está excelente, tanto do público quanto da imprensa. Os ingressos já estão esgotados, e a New York Magazine e outras publicações estão dando espaço para nós", comemora. Brasilidade - Sobre o repertório, o maestro diz que escolheu o que há de mais brasileiro: Carlos Gomes, que, analisa, conseguiu manter sua brasilidade dentro da temática de suas obras através de O Guarani e da facilidade melódica "utilizando-se das deliciosas melodias das modinhas"; Francisco Mignone, que manteve-se sempre fiel às suas raízes, recorrendo à riqueza rítmica, folclórica e melódica do Brasil; e Heitor Villa-Lobos. Para falar do compositor brasileiro nascido em 1887, Nirenberg não poupa elogios: "Villa-Lobos é nossa estrela maior. Um gênio como ele deveria ser celebrado todos os dias. Ele incorporou os elementos básicos da formação do caráter brasileiro, nossas raízes. E o fez como ninguém, conseguindo criar um idioma próprio, o característico e inconfundível ´villalobiano´". A obra a ser apresentada, Suíte nº 2, é um perfeito exemplo disso, considera o maestro, pois tem elementos indígenas, africanos e europeus misturados pelo bom humor marcante de Villa-Lobos - se há canção lírica na peça, há também um movimento, o último, chamado Macumba. Além da fusão de influências, há uma outra curiosidade sobre a Suíte nº 2. Escrita três meses antes da morte do compositor, há quem acredite que a obra tenha algo de premonitório. Segundo Nirenberg, o primeiro movimento da peça, Lamento, faz menção a uma marcha fúnebre. Povo e música clássica - Nélson Nirenberg tem um vasto currículo. Assumiu a direção musical e regência titular da American Chamber Symphony em 1981 e foi o único brasileiro a ocupar a cátedra de regência orquestral numa universidade norte-americana, Montclair State University, em que atualmente é consultor artístico-cultural. Em 1971, idealizou, no Brasil, o Projeto Aquarius (ainda hoje em atividade), visando levar a música clássica para perto da população brasileira. Essa experiência, que já chegou a levar milhares de pessoas a apresentações em locais públicos ("tivemos mais de 200 mil pessoas na minha apresentação em maio de 1972, na Quinta da Boa Vista, no Rio "), mostrou ao maestro que o brasileiro gosta, sim, de música clássica. "O brasileiro é o povo que mais gosta de música e talvez o povo mais musical que eu conheça. O que falta ao nosso povo é a oportunidade de escutar, de aprender, de ser exposto à qualidade." E dispara: "O que dão ao povo é o que há de pior. Pouco se valoriza o verdadeiro artista brasileiro. Portanto, não me diga que o brasileiro não gosta de música. Quem não gosta são aqueles que preferem manter o povo na ignorância e na surdez".

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