De Polícia contra-ataca e faz rap do homem da lei

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A história começa em um dos dias mais terríveis na vida de dois policiais militares. Há quatro anos, o sargento Lago e o capitão Rivaldo se encontraram nas ruas para uma operação no temido Jardim Ângela, considerado então o bairro mais violento de São Paulo. Foi uma visita ao inferno. Quando pensavam que a missão estava encerrada, depois de se surpreenderem com a quantidade de ocorrências na região, veio o pior. Na manilha de um esgoto, acharam o corpo de uma mulher todo retalhado por seu próprio marido. Prenderam o assassino e recolheram o que sobrara da infeliz. "Que dia!", suspiraram no final. Inspirados pelo que ocorrera na noite do Jardim Ângela, Lago e Rivaldo criaram um rap - talvez o primeiro da história feito por policiais. Foram ainda mais longe. Compuseram outras 14 músicas, gravaram um disco independente e passaram a se apresentar com o nome De Polícia - trocadilho de gosto duvidoso com o extinto trio The Police, do roqueiro inglês Sting. Entre seus feitos mais recentes, estão apresentações na Sala São Paulo, na Praça da Sé e em cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Como bons rappers, apesar de terem gravado no disco também rock (Sou Patrulheiro), reggae (Dê uma Chance à Paz) e charm (Somos a Polícia Militar), a dupla nunca diz não quando é convidada a dividir os palcos com outros representantes do hip hop. E é aí que a coisa complica. Polícia Militar e rap sempre foram inimigos. Rappers não economizam palavrões quando se referem aos "homens da lei". "Otários" e "cachorros fardados" são apenas os adjetivos publicáveis. "Eles generalizam tudo. Dizem que todos os policiais são ruins. Mas é só uma meia dúzia que não presta. A polícia só faz coisas boas e foi por isso que decidimos criar esta dupla. Queremos mostrar o outro lado da PM com mensagens positivas e otimistas", conta o sargento Lago. Sempre que chega para cantar em encontros de rap, o De Polícia sente que uma nuvem negra se forma no ar. Mas a dupla de tiras não se intimida com o ambiente hostil que encontraram no rap. Ainda à procura de uma gravadora, ela já conta com um site (www.depolicia.hpg.com.br) e um fã-clube em formação. Quer agora gravar um novo disco independente e pegar mais pesado contra o mundo do crime.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.