Daniela Mercury estréia "Sol da Liberdade" no Olympia

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Por Agencia Estado
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Se fosse criado um evento chamado encontros inusitados, a união das três moças da foto ao lado certamente seria uma das principais atrações. Afinal, quem poderia conceber a fusão da luminosidade soteropolitana de Daniela Mercury com o estilo visceral/metódico da diretora Bete Coelho e da cenógrafa Daniela Thomas, qualquer que fosse a situação? Pois bem. O resultado desse trabalho conjunto poderá ser visto no novo show da cantora baiana, Sol da Liberdade, em cartaz a partir de hoje, no Olympia, em São Paulo. A reportagem reuniu com exclusividade a cantora, a diretora e a cenógrafa para conversar sobre o espetáculo. A impressão inicial é que se trata de um encontro de velhas amigas. Bem, na verdade, Bete e Daniela Thomas realmente se conhecem de longa data, desde os tempos da Companhia de Ópera Seca, na qual se encontraram em 1986. Entre outros trabalhos, fizeram o espetáculo Pentesiléias, em 1994. "Somos uma só, temos uma identidade mental; sabemos o que passa pela cabeça da outra como um videotape", diz Bete. "Mas só nos encontramos quando o trajeto dos planetas se esbarram", acrescenta Daniela Thomas, provocando risadas. O reencontro das amigas no mesmo palco foi possível graças à iniciativa de Daniela Mercury. Inquieta, a baiana queria beber em novas fontes visuais e pensou imediatamente na xará. "Queria alguém que transitasse em várias linguagens e pensei na Daniela, que já fez cenários e clipes com o Gringo (Cardia), teatro e cinema", argumenta a cantora. Decidida a abrir mão da direção do espetáculo - com exceção de Feijão com Arroz, ela dirigiu todos os seus shows -, pediu a Daniela Thomas a sugestão de um nome. Foi quando Bete Coelho completou o trio. "É difícil fazer as coisas e ao mesmo tempo julgar com distanciamento; por isso, queria uma pessoa sensível como a Bete", conta Daniela. Inicialmente, a cenografia do espetáculo foi toda concebida a partir dos elementos que compõem a capa do disco Sol da Liberdade, principalmente as fotografias que Mario Cravo Neto fez de Daniela Mercury num mangue. "A idéia foi valorizar coisas brasileiras, como a natureza", afirma a Daniela coreógrafa. "No entanto, percebi que faltava algo que é vital no trabalho de Daniela Mercury: a cor, o vigor; e numa madrugada decidi mudar tudo, passando a valorizar essa coisa do sincretismo que ela sempre busca". O eixo do espetáculo é justamente a diversidade de influências e estilos que a cantora baiana abraçou em seus últimos CDs - especialmente em Feijão com Arroz, Elétrica e Sol da Liberdade. No disco mais recente, a miscelânea pop-axé-tecno-MPB confundiu os sentidos dos fãs da musa baiana. Mais pelas novas experiências do que pelos resultados. No palco, ela mescla o novo repertório com antigos hits, como Swing da Cor e Rapunzel. "Busco uma delicadeza nessa mistura, que Lenine chamou de pop planetário", explica Daniela Mercury, que vai fazer turnê na Europa no próximo ano. "É um show para dar a volta no mundo", completa Bete, parafraseando o refrão de Crença e Fé. Disciplina - A convivência de Bete Coelho com o rigor e disciplina impostos pelo teatro fez com que Daniela Mercury ouvisse nos últimos dias perguntas como "Ela não mandou você ficar quieta?". "Que nada; às vezes eu ficava quieta e ela me mandava dançar", lembra a baiana, que se surpreendeu ao saber que Bete tem formação de bailarina. As surpresas foram recíprocas. A diretora conta que ficou impressionada com o conhecimento musical de Daniela Mercury. Foi no decorrer dos ensaios que Bete percebeu que a baiana "é bem mais do que uma cantora que sabe dançar". "Ela conhece profundamente harmonia, composição e sabe exatemente o que fazer no palco", elogia a diretora. "Me perguntaram se eu mudaria seu estilo no espetáculo, mas acho que ela é suficientemente boa para mudar sozinha". Bete Coelho e Daniela Thomas querem afastar estigmas que insistem em rondar Daniela Mercury, principalmente o rótulo de cantora de axé music. Para isso, valorizaram elementos essenciais do teatro, como a luz. Em certo momento do espetáculo por exemplo, as luzes focalizam a cantora acompanhada apenas por metais, no melhor estilo acústico. "Nosso trabalho é fazer Daniela exercitar-se como atriz e persona de palco", esclarece Daniela Thomas. Se o resultado desse trabalho agrada ou não é outra história. Mas, para elas, vale correr o risco. "Se temos alguma coisa em comum no palco é a vontade de arriscar", analisa Bete, que tem um método no mínimo incomum de julgar a qualidade´ do que faz. "Eu olho as coisas com atenção e quando fico arrepiada é porque está bom; e isso ocorreu várias vezes durante os ensaios". Serviço - Daniela Mercury. Quinta, sexta e sábado, às 22h30. De R$ 30 00 a R$ 60,00. Olympia. Rua Clélia, 1.517, tel. 3675-3999

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