28 de fevereiro de 2014 | 18h20
Quando soprar as velas de seus 70 anos, neste sábado, Roger Daltrey não deve conseguir esconder o ar melancólico. Não que haja motivos aparentes. O The Who tem em vista uma turnê pelo mundo no ano que vem e quer gravar um disco com material inédito. Até o fim do ano passado, seu nome era levantado para que fosse uma das atrações a virem ao Brasil este ano, mas nada ainda foi confirmado. Seu amigo Pete Townshend levantou a lebre em entrevista recente ao jornal O Globo. “A música brasileira é a melhor expressão que posso imaginar do temperamento latino do português. Quando for ao Brasil com meu violão, você vai entender o que eu aprendi com a música brasileira.”
Mas Daltrey, como disse recentemente Bruce Springsteen, vê “o farol do trem se aproximando”. Ele, que ontem mesmo vivia na região londrina de Shepherd’s Bush tocando em sua primeira guitarra feita com um bloco de madeira e sendo expulso dos colégios, sente o peso do tempo estragando a festa. A ponto de fazer o anúncio inevitável: “Essa será a última grande turnê”, disse à revista Rolling Stone dos Estados Unidos, referindo-se à temporada prevista para 2015.
Daltrey estava sendo transparente, não fatalista, mas seus fãs reagiram com paixão. “As pessoas estão entendendo errado, contudo. Não vamos acabar depois disso. Queremos fazer música até morrer, mas temos que ser realistas em relação à nossa idade. A turnê tritura o corpo e temos que estabelecer um limite. Essa será a última grande turnê à moda antiga.” O disco novo não é condição para a turnê, mas é o que motiva o roqueiro. Ainda que ele não venha tão cedo, vale pensar que sim para que Daltrey tenha hoje um feliz aniversário.
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