
30 de junho de 2020 | 05h00
Há algumas semanas, quando a indústria da música usou as redes sociais para demonstrar apoio à luta antirracista e protestar contra a morte de George Floyd nos EUA, o Spotify passou por apuros nas redes sociais ao tomar medidas classificadas como inócuas por muita gente. Mudar a capa de playlists e dar tempo para os funcionários refletir sobre o assunto não convenceu parte dos fãs e usuários, que pediam por projetos mais significativos, e investimentos. Agora, a empresa se movimenta, no Brasil, com a chegada do projeto Sound Up ao País.
Se trata de uma iniciativa que funciona como incubadora de podcasts, destinada por aqui, a jovens negros e indígenas, de 18 a 30 anos. As inscrições, gratuitas, abriram nesta segunda-feira, 29, e o objetivo, segundo a empresa, é “criar um espaço para novos talentos, vozes, histórias e perspectivas em podcasting”. Após o processo de inscrições, até o dia 17 de julho, um comitê interno vai selecionar 30 participantes para entrevistas. 20 deles serão selecionados para o projeto. O site para se inscrever é o https://soundupbrasil2020.splashthat.com.
Desenvolvido em outros países com outros público-alvo, a primeira edição do programa no Brasil vai começar ainda em 2020, com um workshop virtual. Quem for selecionado, vai receber gravador, computador, fones de ouvido e acesso à internet. Nas aulas e palestras, os participantes vão aprender sobre como desenvolver ideias, tipos de narrativas, técnicas de pauta, produção e edição. Ao fim da etapa virtual, eles terão oito semanas para preparar um projeto final e apresentar à empresa.
Dez projetos avançam à etapa presencial, programada para 2021, na sede da empresa em São Paulo (custos de transporte e hospedagem são cobertos pelo programa), com mais aulas e instruções. O Spotify promete um apoio contínuo durante o ano para esses selecionados, e 5 deles serão anunciados como os vencedores desta primeira edição. Os direitos dos podcasts permanecem com os participantes.
O projeto nasceu de uma ideia apresentada pela escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que, em uma palestra em 2009, espalhou pelo mundo a ideia de que a história contada por um único ponto de vista se torna a história definitiva, quando na verdade ela não é.
“Nunca chegamos num mercado pensando que sabemos de tudo”, disse a diretora do projeto a partir dos EUA, Natalie Tulloch, ao site Fast Company. “Queremos ser relevantes culturalmente, sensíveis, e criar um sistema em que possamos oferecer às pessoas uma voz.” Uma boa iniciativa para o mercado brasileiro.
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