Da Lata: Música brasileira da Inglaterra

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Por Agencia Estado
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O "vazamento" de latas cheias de maconha no litoral carioca sete anos atrás deu origem a muitas histórias. Entre elas, a criação do termo "Da Lata". De passagem pela cidade na época, o músico inglês Chris Franck aprendeu a expressão e nunca mais a esqueceu. Quando teve que dar um nome para seu grupo, anos depois, o termo veio na hora. "Já que sempre perguntam o porquê do nome, resolvemos escolher um que trouxesse a tona uma boa história e tivesse uma boa sonoridade", conta o DJ Patrick Forge, outra metade pensante do grupo, em entrevista à Planet Pop, em pleno Central Park, em Nova York. Foi no festival SummerStage, no qual o grupo tocou para 10 mil pessoas na tarde ensolarada do último sábado. Franck e Forge conheceram-se em Londres em 1992 e a paixão pela música brasileira uniu-os imediatamente em um "namoro musical". O primeiro "fruto" da relação foi uma versão para Ponteio, clássico de Edu Lobo e Capinam, em que trabalharam pela primeira vez com a cantora paulista, radicada na Inglaterra há 17 anos, Liliana Chachian. A música virou hit nas pistas européias, mas projetos paralelos impediram o Da Lata de dar continuidade ao trabalho. Forge é o criador da série Rebirth of Cool, compilações que iniciaram a onda de "quanto-mais-misturado-melhor" e um dos mais influentes DJs da Europa. Franck é um dos integrantes do Smoke City, o grupo de trip hop que estorou com a música Underwater Love. O Da Lata materializou-se em singles e remixes (até para Carlinhos Brown) ao longo dos tempos, até que no ano passado surgiu o convite da Palm Pictures, a nova gravadora de Chris Blackwell, para a gravação de um álbum inteiro. O resultado é Songs from the Tin, um álbum extremamente brasileiro, 100% acústico. Ao contrário de muitos DJs e produtores que utilizam ritmos brasileiros para temperar a base eletrônica, Songs from the Tin destaca-se por sua sonoridade de MPB, que assemelha-se ao trabalho da cantora Joyce. "Este é um disco orgânico com uma mentalidade dance", afirma Forge ao ser questinado sobre a opção. "Os discos que me inspiraram são todos tocados, com instrumentos", completa Franck. "Os DJs fazem o resto, com seus remixes." Eles realmente têm de agradecer aos colegas das picapes. Pra Manhã, um single lançado em 1998 tocou insistentemente nas pistas mais descoladas do mundo (na festa nova-iorquina Body & Soul é hit até hoje), vendeu 10 mil cópias em vinil na Inglaterra e está no disco na versão original. Para gravar o álbum, Forge e Franck chamaram novamente Chachian nos vocais e o percussionista Oli Albergaria Savill. O resultado são 10 faixas ensolaradas e gostosas de ouvir. O que fica a dever são as letras, do tipo Borboleta voa leve e linda pelo céu azul, a brilhar (na faixa Borboleta) ou "Quero nesse rio, vida, quero nessa água sempre me banhar" (em Rio Vida).

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