Cypress Hill e Deftones dividem palco no Credicard Hall em São Paulo

Atrasada, a banda norte-americana Cypress Hill subiu ao palco primeiro, às 22h; uma hora e meia depois, às 23h30, foi a vez dos Deftones, principal atração da noite

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Por Eduardo Roberto
Atualização:

SÃO PAULO - Na madrugada desta segunda para terça-feira, 5, a Lei Antifumo de São Paulo não estava valendo na pista do Credicard Hall. Quando os rappers norte-americanos do Cypress Hill subiram ao palco, por volta das 22h, a fumaça de cigarro e maconha impregnou a pista da casa de show.

 

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Não obstante, logo nas primeiras músicas (mas longe das câmeras, que só clicaram as primeiras três), o vocalista B-Real acendeu um cigarro, levando o público, fumante ou não fumante, ao delírio. Tudo isso ao som das batidas hip-hop com sotaque latino do grupo californiano, que está na ativa desde 1988.

 

O show dos rappers da Califórnia atrasou, o que fez com que muitos deixassem o local por volta da 0h, para aproveitarem o transporte público para voltarem para casa. Mas isso não diminuiu a empolgação e a fumaça no Credicard Hall.

 

O Deftones subiu ao palco por volta das 23h30 e, sem firulas, animando muito o público da casa, que minutos antes tinha passado por considerável sofrimento ao tentar comprar qualquer coisa nos abarrotados e lentos bares, ou nas quilométricas filas para o banheiro.

 

A banda era a principal atração da noite e foi fundada também no final dos anos 80, na Califórnia. Alcançou fama internacional em 1997 com os singles My Own Summer (Shove It) e Be Quiet and Drive (Far Away), aproveitando a nascente onda do New Metal (que veria a ser a nova onda do rock no ano seguinte).

 

 

Depois de mais de 20 anos, o Deftones amadureceu o seu som, que sempre teve algo de muito particular, apesar da avalanche de clichês que vieram ser conhecidos como "metal alternativo", com dezenas de bandas sendo fortemente influenciadas por eles e outros grupos da época, como: Tool, Korn, Alice in Chains e Sepultura.

 

Logo nas primeiras músicas, é visível a singularidade dos californianos, que estão numa zona cinza delimitada por The Smiths, Björk, Nirvana e Sepultura. O guitarrista, que em outras ocasiões se declarou fortemente influenciado por bandas de death metal como Morbid Angel, e um vocalista com um timbre agudo, ácido e energético. Considerando as devidas proporções, é como se a new age Enya conseguisse uma vaga em uma banda de hardcore.

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O público era muito bom para uma madrugada de segunda-feira e cantou junto. Os membros da banda, principalmente o vocalista Chino Moreno, 37, não pararam no palco, se desdobrando em pulos e gritos.

 

 

A banda também prestou uma homenagem ao ex-baixista Chi Cheng, que em 2008 sofreu um acidente de carro e, desde então, está em estado semi-vegetativo. Um fã que se acotovelava na beira do palco entregou uma camiseta com o rosto do ex-membro da banda para Moreno, que em um intervalo entre as músicas disse que "todos ainda rezam por ele".

 

Apesar da qualidade sofrível do som do Credicard Hall, que tem pontos surdos e muita reverberação, principalmente no setor mais caro, a pista premium, a casa estava lotada e o público foi fiel. São duas bandas americanas veteranas, que nunca foram necessariamente do mainstream, mas margearam e superaram com inteligência e personalidade - cada uma a seu modo - as tênues tendências do rock do meio dos anos 90.

 

Notícia atualizada às 16h.

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