Cultura Artística comemora 95 anos com temporada especial

Entre as atrações estão o violoncelista Yo Yo Ma e o barítono Thomas Hampson

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Por Agencia Estado
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Os violoncelistas Yo Yo Ma e Antonio Meneses, o pianista Piotr Anderszewsky e o barítono Thomas Hampson são os destaques da temporada preparada pela Sociedade de Cultura Artística para o ano que vem, quando completa 95 anos de atividades. "Em uma ocasião como esta, sempre arriscamos mais", diz Geráld Perret, superintendente da sociedade. "E conseguimos concretizar alguns sonhos antigos justamente agora." Yo Yo Ma, que se apresenta em junho, é um desses sonhos. "Desde que o trouxemos pela primeira vez, em 1996, tentávamos de novo. Mas com ele e muitos outros grandes artistas, nem sempre é fácil o acerto, são agendas concorridas", conta Perret. O barítono americano Thomas Hampson, tão desenvolto na ópera como no repertório de canções, também se encaixa no perfil. "Desta vez, deu certo, já que ele vem como solista da Orquestra Gustav Mahler, com quem gosta muito de trabalhar." Montar uma temporada como estas é árdua empreitada. Esqueça por um momento as agendas apertadas dos artistas, procurados por teatros do mundo todo. Ainda assim, restam as dificuldades locais - realizar parcerias com teatros do Rio, Buenos Aires, de Montevidéu, Santiago, para dividir custos e oferecer um número maior de concertos aos artistas; a flutuação do câmbio, já que os pagamentos são feitos todos em dólares ou euros; isso para não falar de imprevistos, como a crise na Varig, que fez aumentar, segundo Perret, 40% do custo da Cultura Artística com passagens aéreas (a entidade não revela o total a ser gasto com a temporada, informa apenas que o valor é pago pela Companhia Brasileira de Alumínio, Telefonica e Votorantim). Esta é a 27.ª temporada preparada por Perret. A primeira, em 1980, tinha entre as atrações a Gewandhaus de Leipzig, o Quarteto Amadeus, a Academy of St. Martin in the Fields. E a Orquestra de Paris, sob regência do argentino Daniel Barenboim. "Foi a primeira visita dele ao Brasil", lembra Perret. "E ele não estava muito feliz, andava irritado: como daqui eles seguiriam para concertos em Buenos Aires, Barenboim estava preocupado com a possibilidade de ser preso pela ditadura na chegada à Argentina." O que não ocorreu. "Passado o susto, desenvolvemos um ótimo relacionamento, o que garantiu a vinda dele em outras ocasiões", conta Perret que, na semana passada, após falar com o Estado, partiu para Berlim a convite do maestro. Na agenda, uma apresentação de Tristão e Isolda de Wagner na Staatsoper, espetáculo que Barenboim quer trazer à América Latina em 2008. "Quando se trabalha com artistas internacionais, um problema é que precisamos sempre estar pensando lá na frente. Mal terminamos nossa temporada de 2006 e a de 2008 já precisa estar quase pronta", diz. Mas, enquanto isso, de volta à temporada 2007. O pianista polonês Piotr Anderszewsky vai fazer um programa dedicado a Bach e Beethoven. "Nós nos conhecemos quando esteve aqui tocando com a Osesp. Desde então, queríamos trazê-lo para um recital, só esperamos passar um tempo depois daquele primeiro concerto aqui", diz Perret. Na agenda, está também o prestigiado Quarteto Hagen, que vai interpretar Shostakovich, Haydn e Schubert. "Já marcamos e desmarcamos a vinda deles várias vezes, mas agora está tudo certo." Dentro da tradição de trazer sistematicamente grupos dedicados à música historicamente informada, a Cultura Artística anuncia também para o ano que vem a Orquestra Barroca de Veneza, que terá como solista, em noites dedicadas a Vivaldi, o violinista Giuliano Carmignola. A temporada inclui ainda apresentações da Britten Sinfonia. Sediado em Cambridge, o conjunto completa ano que vem 25 anos de uma mistura interessante de repertório. No mesmo programa, você ouve Bach, Dowland e, em seguida, pula para o século 20 de Britten e Stravinski ou o século 21 de Egberto Gismonti e Osvaldo Golijov. "Apesar de não conseguirmos fazer isso sempre, consideramos importante a variedade no repertório. Temos, claro, de apresentar ao público os grandes clássicos, mas é importante também ajudá-lo a ampliar seus horizontes, função também dos nossos cursos de história da música, que seguirão em 2007." Para renovar e fazer assinaturas há um cronograma. De hoje a 20 de dezembro e de 3 a 17 de janeiro, é vez dos assinantes que não pretendem fazer mudanças renovarem assinaturas. Dias 23 e 24 de janeiro, é o momento para trocas de mantenedores e amigos. Dias 30 e 31 de janeiro, momento dos assinantes que desejam fazer mudanças. E, do dia 5 de fevereiro em diante, as bilheterias estarão abertas para novos assinantes. Há duas possibilidades de assinaturas. A completa, com dez atrações, que custa de R$ 700 a R$ 1.500; e a parcial, com cinco concertos, cujos preços vão de R$ 260 a R$ 540. Nos dois casos, o pagamento pode ser feito em até nove parcelas. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (0--11) 3256-0223, 3257-3261 e 3129-7001 ou pessoalmente na Rua Nestor Pestana, 196, das 10 às 17 horas.

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