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Crítica cai matando em filme sobre a morte John Lennon

'The Killing of John Lennon' estreou nesta quarta, 2, em Nova York, com críticas negativas em toda a mídia

Por Efe
Atualização:

A crítica especializada se irritou com o provocativo filme que explora a obscura mente de Mark David Chapman, o homem que no dia 8 de dezembro de 1980 matou o ex-Beatle John Lennon, em Nova York.   O filme The Killing of John Lennon (O Assassinato de John Lennon, em tradução livre), dirigido por Andre Piddington, tenta explorar a imagem do ex-Beatle, um homem que se tornou um dos maiores ícones da cultura ocidental, diz a publicação especializada The Hollywood Repórter.   O filme, que estreou nesta quarta-feira em Nova York, "não possui uma profundidade que possa justificar sua existência", afirma a publicação.   The Killing of John Lennon começa com um dia na vida de Chapman, um jovem segurança de 25 anos que vive em Honolulu (Havaí), é casado com uma japonesa chamada Gloria, envergonha-se de sua mãe e odeia o pai.   Sem qualquer auto-estima, o perturbado jovem procura refúgio no romance O Apanhador no Campo de Centeio (The Catcher in the Rye), de J.D. Salinger, e acaba identificando-se com o personagem de Holden Caulfield, que não suporta a hipocrisia.   Em uma biblioteca, Chapman fixa suas atenções em um álbum de fotos de Lennon e se pergunta como um homem tão rico "pode pedir (na canção 'Imagine') que imaginemos que não existem posses".   Com isso, ele conclui que Lennon "é um farsante" e começa a traçar um plano para matá-lo, enquanto escuta canções dos Beatles.   Chapman viaja a Nova York, monta vigília durante dias em frente ao edifício Dakota, onde Lennon vive com sua esposa, Yoko Ono, e em 8 de novembro de 1980 acorda com uma premonição: "Hoje é o dia".   À tarde, o perturbado jovem aborda o casal na saída do Dakota e consegue que Lennon, que tinha completado recentemente 40 anos, autografe uma cópia do álbum Double Fantasy.   Quando o casal volta para casa à noite, Chapman, que continua no local, cumpre sua "missão" e dispara cinco balas de calibre 38 no músico pelas costas.   Segundo o Hollywood Reporter, Piddington tenta mostrar o estado mental de Chapman com eficientes recursos de estilo, incluindo seqüências na qual o perturbado jovem imagina o assassinato de um casal homossexual.   Decepção total, diz NYT   "Mas, apesar desses esforços por dar um contexto psicológico para suas ações, Chapman continua sendo um enigma cujas motivações não têm muita explicação", diz o Hollywood Reporter.   A publicação, no entanto, polpa o ator Jonas Ball, que interpreta Chapman e que "soube traçar um quadro aterrorizante do assassino".   O tradicional The New York Times é mais duro com o filme, taxado de "uma decepção total", apesar do reconhecimento de que a obra foi tecnicamente bem feita.   Stephen Holden, crítico do New York Times, afirma que apesar de o filme não pedir que o espectador sinta simpatia por Chapman, obriga todos a passar quase duas horas em sua desagradável companhia. "Isso é pedir demais", desabafa.   "Com sua grandiosidade, seu narcisismo, suas alucinações e suas bruscas mudanças de humor, Chapman se parece com um estúpido que qualquer pessoa ignoraria poucos minutos depois de iniciar uma conversa em um bar", assinala o crítico.   Anti-herói lamentável     The Killing of John Lennon também foi alvo de ataques no Reino Unido durante o mês de dezembro.   O jornal sensacionalista The Mirror disse que o trabalho de Piddington é de "mau gosto", porque "o homem que atirou no ex-Beatle merece apodrecer em sua cela, e não que se façam filmes sobre ele".   Além disso, o crítico Ian Milhar, da Bloomberg, lamentou que Chapman apareça no filme como "um certo tipo de anti-herói existencialista", quando foi apenas "um homem muito perturbado, e possivelmente doente, que assassinou Lennon a sangue frio".   Em sua defesa, Piddington argumenta que "o filme não condena ou absolve Mark Chapman e, embora se trate de um filme humano, não é de nenhuma maneira compassivo com ele".   Mark David Chapman segue no presídio de Attica, em Nova York, e teve seu pedido de liberdade condicional negado em quatro ocasiões devido à "natureza incomum" de seu crime.

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