Crise argentina prejudica rota latina de shows

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O mercado de show biz na Argentina entrou em colapso. E o que é pior: pode comprometer a rota latino-americana de espetáculos. Só há um show internacional programado para Buenos Aires nos próximos meses, o da banda australiana INXS, no Luna Park, no dia 19, segundo informa o site de turnês Pollstar.com. São Paulo, em contrapartida, terá Rush, Bryan Ferry, A-ha, Saxon, Mogwai, Echo and the Bunnymen e ainda três festivais marcados. Em entrevista na semana passada em Nova York, Mick Jagger, cantor dos Rolling Stones, disse que a América Latina estava praticamente fora dos seus planos de turnê por conta da crise econômica argentina. "Os nossos produtores na Argentina já faliram", disse Pedro Ayres Magalhães, explicando por que o maior grupo português, o Madredeus, não tinha incluído Buenos Aires na sua turnê. Mesmo bandas menores, com turnês mais baratas, estão saindo da rota. "A situação econômica é que nos tirou de lá", afirmou Stuart Braithwaite, do grupo Mogwai, que excursiona pelo Brasil. A programação de uma das principais casas de Buenos Aires, o Teatro Gran Rex, está quase nula, segundo informam os produtores. Atualmente, faz muito sucesso no local o show Bandana, uma versão argentina do concurso televisivo Pop Stars, em curso aqui no SBT. Mas os produtores brasileiros não crêem que a crise no show biz argentino possa refletir na agenda de espetáculos do Brasil. O estabelecimento das duas maiores empresas internacionais do setor, a americana Clear Channel Entertainment e a mexicana Corporación Interamericana de Entretenimiento (CIE) deixaram o mercado sólido. "Até pouco tempo, o Brasil é que estava fora da rota, mas hoje isso se inverteu", diz o produtor Toy Lima, que realiza as mostras Heineken Concerts e Chivas Jazz Festival. "Essas duas empresas, Clear Channel e CIE, fizeram investimentos maciços aqui, compraram casas de espetáculos e detêm os direitos dos shows", avalia. Lima acha que há um complicador adicional para o setor: a indefinição política na Venezuela. "A rota latino-americana de shows inclui o México, o Brasil, a Venezuela, a Argentina e também o Chile", ele avalia. "A Venezuela, que era escala das grandes turnês, está agora com o problema do (Hugo Cesar) Chávez, os produtores estão meio com medo do país", avalia. O produtor Billy Bond, responsável pela parte teatral da Clear Channel, diz que "obviamente" o grupo deverá ter cautela especial em relação à situação argentina, mas não há uma determinação expressa para evitar aquele mercado. "Nós fomos bem com Roger Waters em Buenos Aires, lotou o estádio do Boca Juniors", lembra o produtor. O show biz brasileiro hoje é comandado por duas grandes multinacionais. Com sede em Houston, no Texas, a Clear Channel passou a operar no Brasil com o concerto de Waters, em parceria com a companhia cervejeira Kaiser. Juntos, promovem o festival Kaiser Music, que trouxe até agora Waters, Chuck Berry, Gloria Gaynor e Kansas. A Clear Channel promove cerca de 26 mil eventos por ano, além de operar 135 teatros, estádios e anfiteatros, organizando espetáculos para um público anual estimado em mais de 70 milhões de pessoas. Seu principal concorrente já se estabeleceu com solidez no mercado nacional. Trata-se da empresa mexicana Corporación Interamericana de Entretenimiento (CIE). A CIE atua no Brasil desde 1998 e é dona das maiores casas de espetáculos de São Paulo e Rio - Credicard Hall, Directv Music Hall, Teatro Abril e ATL Hall, entre outras. Investiu cerca de R$ 45 milhões só para comprar Credicard Hall e Directv Music Hall. Fundada em 1991 pelo empresário mexicano Alejandro Soberon Kuri, tem também grandes negócios na Argentina. Lá, a empresa é dona do Teatro Opera, do zoológico municipal e de sete emissoras de rádio. No México, é dona do Hipódromo e do Palacio de Los Deportes da Cidade do México.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.