Creedence Clearwater Revisited volta ao Brasil para manter a memória viva

"É ótimo ter milhares de pessoas felizes. É um presente para eles. Por que eu não gostaria de continuar fazendo isso?", diz baterista

PUBLICIDADE

Por Pedro Antunes
Atualização:

Eles não lançam um disco de inéditas há tempos. Há 43 anos, para ser mais preciso. E o nome da banda era outro. Ainda eram Creedence Clearwater Revival, grupo que chacoalhou o rock com um sotaque sulista, acentos blueseiros e enraizado na cultura norte-americana.

Desde 1995 até agora, são Creedence Clearwater Revisited. E John Fogerty já não está entre eles. Isso não impede que o baterista Doug “Cosmo” Clifford e o baixista Stu Cook continuem circulando o globo com a força de clássicos que parecem imortais, tais quais Fortunate Son, Proud Mary e, e claro, Have You Ever Seen the Rain?.

  Foto: Photographer:jeff dow | DIV

PUBLICIDADE

Ícones de um rock que já não existe mais, os integrantes remanescentes do CCR (a sigla serve para as duas bandas, veja só que boa sacada) voltam ao Brasil para mais uma “turnê da saudade”. Ou, como o baterista Doug diz ao Estado, em entrevista por telefone, para “fazer as pessoas que são fãs da banda mais felizes.”

Somente em 2015, a meta deles é chegar longe com a banda. O grupo tem anunciado, no seu site, 51 performances, pelo território norte-americano e América do Sul. Por aqui, eles começaram por Vitória, com show marcado para ontem, e seguem para Porto Alegre (hoje, no Teatro Araujo Vianna), São Paulo (nesta sexta-feira, 6, Tom Brasil) e Belo Horizonte (domingo, 8, Espaço Só Marcas).

“Um show do Creedence Clearwater Revisited tem muita energia”, tenta explicar Doug, ainda sobre a motivação de manter o grupo na ativa, com uma agenda consideravelmente cheia, para executar canções com mais de quatro décadas de vida – e sem Fogerty, voz e guitarra da banda durante os cinco anos de atividade, de 1967 a 1972. “A verdade é que fazemos isso para os nossos fãs. Temos mais fãs novos do que antigos. Digo isso literalmente. Tocar ao vivo para eles é uma experiência única para nós. É ótimo ter milhares de pessoas felizes. É um presente para eles. Por que eu não gostaria de continuar fazendo isso?”

Aos 70 anos, Doug e Stu tentaram seguir a vida sem o Creeedence Clearwater Revival. O baterista, por exemplo, lançou um disco solo em 1972. Depois, se juntou ao baixista da ex-banda no grupo The Don Harrison Band. Por fim, há duas décadas e mais algumas aventuras musicais depois, retornaram às canções que fizeram durante seus tempos de juventude, ao lado dos irmãos Fogerty – Tom, o mais velho, morreu em 1990, enquanto John segue em uma bem-sucedida carreira solo. O CCR atual é formado também por Kurt Griffey (guitarrista), Steve “The Captain” (teclado e guitarra base) e John “Bulldog” Tristao (voz).

É possível notar que eles ainda mantém o hábito de dar apelidos para os integrantes. São tempo modernos, mas algumas tradições não vão embora. Já outras novidades são aceitas, embora não compreendidas na sua totalidade.

Publicidade

É o caso do uso de smartphones e tablets para filmar e fotografar os shows. Hábito comum em performance de qualquer gênero, do rock ao heavy metal, ainda é algo a ser desvendado por Doug. “Acho que curioso, porque as pessoas pagam o ingresso mas acabam perdendo a parte ao vivo do show. Elas se tornam diretoras do próprio filme, mas perdem a performance. O que elas veem pela tela de celular não é a mesma coisa que está acontecendo na frente delas”, diz o baterista. “Mas também não vou dizer para não fazerem isso.”

O gosto pessoal de Doug não fica preso às canções blueseiras. Gosta de música contemporânea, garante. Especialmente de Bruno Mars. “Ele é um artista maravilhoso. Tem uma sessão de sopros ótimos. Segue os passos do James Brown. Amo ver o R&B crescendo novamente, com novas influências. Esse tipo de energia é fundamental”, explica o baterista.

Para o baterista, o que importa são as raízes. O Creedence Clearwater Revival nasceu assim. “Quando nos juntamos, queríamos fazer um som básico. Era um blues urbano, unido com um pouco de americana. Essa combinação surgiu o nosso rock and roll. É essa mistura que faz as pessoas quererem dançar, não importa a geração na qual você nasceu. Canções simples fazem você se sentir bem.” Voltar a produzir isso em estúdio, contudo, está fora dos planos. “Perderíamos público”, diz o baterista. “Os fãs querem os hits. Eles querem ouvir as músicas que soem familiares. Nem todos ali querem filmar os shows com os celulares. Muitos ali querem experimentar aquelas canções ao vivo. E queremos dar isso a eles.”

CREEDENCE CLEARWATER REVISITEDTom Brasil. Rua Bragança Paulista, 1.281, tel. 4003-1212. R$ 200/ R$ 450. Amanhã, às 22 h.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.