Cowboy Junkies volta às origens com "Open"

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Por Agencia Estado
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Os reis da melancolia folk acabam de resgatar sua sonoridade original. A banda canadense Cowboy Junkies lança seu nono disco, Open, que marca o retorno às músicas introspectivas influenciadas pelo blues e com um toque de psicodelia. Depois de passar um ano excursionando pelos Estados Unidos e pelo Canadá com o álbum alternativo Rarities, B-Sides and Sad Slow Waltzes, o grupo resolveu voltar a assumir a produção de suas faixas e se distanciou de vez do pop. Formado em 1986 em Toronto, o Cowboy Junkies reúne os três irmãos Timmins (a vocalista Margo, o guitarrista Michael e o baterista Peter) e o baixista Alan Anton. Eles chamaram a atenção por conta do nome e do título do primeiro disco, Whites Off Earth Now! (algo como "brancos dêem o fora da Terra já"), virando darlings do circuito college americano com suas canções lentas recheadas de influências de blues, folk e country. Os desoladores vocais de Margo eternizaram também covers de Sweet Jane, do Velvet Underground, Walking After Midnight, de Patsy Kline, e do clássico Blue Moon, eternizado por Elvis Presley. Boa parte da carreira do Cowboy Junkies foi construída em cima da pouca produção musical: o primeiro disco foi gravado na garagem da casa da família em apenas dois canais, enquanto The Trinity Session, de 1988, é o registro de uma apresentação em uma antiga igreja, para o que gastaram apenas US$ 250. A presença da música country foi crescendo com o passar dos anos e por conta da parceria com o lendário cantor texano Townes Van Zandt, que participou dos discos Black-Eyed Man, de 1992, e Pale Sun, Crescent Moon, de 1993. Foi a morte de Van Zandt, em 1997 que inspirou Miles From Our Home, o trabalho mais pop do grupo, cujo lançamento em 1998 acabou sendo prejudicado por uma reestruturação da gravadora. "Quando vimos o disco em que passamos um ano e meio trabalhando ser massacrado pela união de duas grandes gravadoras, decidimos que era hora de repensar tudo", diz Michael no web site oficial da banda. Eles ressuscitaram a Latent Records, o selo fonográfico que lançou o disco The Trinity Sessions, garantiram a presença na Internet e recuperaram gravações antigas inéditas para Rarities, B-Sides and Sad Slow Waltzes. O exercício de auto-afirmação era o que o grupo precisava para voltar a compor. Open tem a influência dos meses que a banda passou na estrada, entre 1999 e 2000. Faixas como Dragging Hooks e Dark Hole Again, por exemplo, têm longos solos de guitarra e baixo inspirados por jam sessions. A influência do rock, que apareceu asséptica nos dois "discos de produtor" da banda, Lay It Down e Miles From Our Home, volta crua, embalada em sonoridade alternativa, nas faixas Bread and Wine, Close My Eyes e I´m So Open. Já o country está em Small Swift Birds. Com o novo álbum, o Cowboy Junkies consagra-se como um dos melhores exemplos do underground que se mantém intacto. Apesar de nunca ter tido um grande sucesso, a banda tem uma legião de fãs por todo o mundo e já vendeu 4 milhões de discos, sem nunca cair na tentação de comercializar seu trabalho. "Acho que o segredo é que sempre mantivemos o respeito pelo nosso público e nossa integridade em primeiro lugar", diz Michael. A banda se apresenta no festival nova-iorquino Central Park SummerStage em 1º de julho e está atualmente postando um diário de viagem em seu web site oficial, no endereço http://www.cowboyjunkies.com.

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