Corpo de Bezerra será velado no teatro João Caetano

O enterro será amanhã, às 11 horas, no cemitério São João Batista. Personalidades como Dicró e Zeca Pagodinho lamentam morte do sambista

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Por Agencia Estado
Atualização:

O corpo do sambista Bezerra da Silva será velado a partir de hoje à tarde no teatro João Caetano, no centro do Rio. O horário ainda não está definido, já que o corpo ainda está no Hospital dos Servidores, onde o cantor morreu, depois de quase 3 meses de internação. O enterro será amanhã, às 11 horas, no cemitério São João Batista, em Botafogo. Repercussão Dicró, sambista - "Dos três malandros, Bezerra da Silva, Moreira da Silva e eu, só falta eu agora. Eu o conhecia há quase 30 anos. Era meu amigo, parceiro, foi o primeiro a gravar músicas minhas. Deu o pontapé na minha carreira. Nós cantamos juntos nos Estados Unidos no início da década de 90. Sempre fomos muito próximos. Essa linhagem de sambistas malandros acabou. O pagode de hoje é diferente do que a gente fazia. Já não se faz mais música com críticas, só se fala de amor. Vou continuar enquanto puder." Rildo Hora, músico e produtor musical - "Nunca gravamos juntos, mas acompanhei de perto sua carreira. Tomei conhecimento dele num programa de samba da Rádio Globo. Ele tinha muito bom humor. O samba está perdendo um grande representante. Ele era praticamente o único em seu gênero de samba. Ele criou uma escola." Haroldo Costa, pesquisador musical - "Perdemos a voz do morro. Diziam que ele era, assim como o Dicró, o inventor do ?sambandido?. Pode ter sido, mas é um aspecto da vida carioca que você não pode desconhecer, deixar de considerar que ela existe. Tinha um humor incrível, eu me divertia com ele. Bezerra tinha a vocação de ser a voz dos excluídos, dos necessitados, dos marginalizados. Ele não gostava que chamassem a sua música de pagode ou batuque. Ele foi um poeta, no sentido mais popular da palavra. Não foi um alienado." Ricardo Cravo Albim, pesquisador musical - "Bezerra da Silva sempre foi uma referência de continuidade dos velhos sambistas especificamente moldados na configuração da malandragem carioca. Essa tradição é longa e existe desde que o samba é samba. Ele é da linhagem de malandros históricos, como Geraldo Pereira, Wilson Batista, Zé Gonçalves e Nelson Cavaquinho." Zeca Pagodinho, sambista - "Bezerra da Silva foi um grande amigo, um grande defensor do samba popular, do samba de tendinha. É uma pena ele morrer. Eu sempre ouvi a música dele, me influenciou muito e já vinha acompanhando, com tristeza a doença dele. Queria visitá-lo, mas ele estava em coma e era impossível. Perdemos um grande artista." Noca da Portela, sambista - "Eu conheci Bezerra na década de 50, quando ele era pintor e morava no Morro do Cantagalo, em Copacabana. Eu era feirante no bairro e o encontrava sempre lá. Ele já tocava percussão. Era uma pessoa bem humorada, comunicativa, gostava de gravar sambas de compositores humildes. Ele gravou músicas minhas. No próximo CD, que sairia este ano, com músicas evangélicas, como o último, iria incluir um samba meu, religioso." Sérgio Cabral, escritor e jornalista - "Eu o conheci como percussionista de gravações em estúdio. Aliás, um belo ritmista, da turma de Marçal, Lula e outros. Fiquei surpreso e feliz quando o vi fazendo sucesso. Ele cantou a crônica do submundo carioca, o outro lado da cidade partida".

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