Corpo de Almir Chediak é enterrado no Rio

Muita revolta entre os cerca de 300 amigos, músicos, produtores, artistas, intelectuais e até políticos, que assistiram ao enterro do produtor musical Almir Chediak assassinado na noite de domingo, em Petrópolis

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Por Agencia Estado
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Revolta contra a violência foi a tônica do velório e do enterro do músico e editor Almir Chediak hoje, por volta das 14h30, no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na zona norte. Cerca de 300 amigos, músicos, produtores, artistas, intelectuais e até políticos expressaram sua indignação contra seu assassinato, na noite de domingo, em Petrópolis, na região serrana. No momento do sepultamento, seu irmão, o produtor de teatro Jesus Chediak, criticou a cultura da violência no Rio de Janeiro, que "faz com que a vida humana não valha nada. Enquanto esses fatos não chegam perto de nós, são apenas estatística. Quando nos atingem, vemos que não é mais um problema do Estado, mas de toda a sociedade. Uma vida humana vale menos que um video-cassete, uma televisão. Temos que pensar nisso e promover uma mudança, até cobrando uma atuação mais efetiva do Estado." O corpo chegou no cemitério com Jesus e a namorada de Chediak, Sanny Costa Alves. ?Quando mataram aquele professor em Laranjeiras, pensei: a violência está chegando mais perto, acontece com qualquer um?, chorava ela. ?Agora foi com a gente.? Logo vieram os amigos, muitos com participações nos discos produzidos por Chediak. Zeca Pagodinho era só elogio e revolta: ?Era um amigo da música. Seus livros são usados pelos 260 alunos da minha escola de música, lá em Xerém, na Baixada Fluminense. O cara pode até roubar, se tem fome, mas matar é como se a vida não valesse nada.? Depois chegaram Lucinha Lins, João Bosco, Francis e Olívia Hime, Wagner Tiso, Peri Ribeiro, Leny Andrade, Marcos Valle, Sérgio Cabral (?que presente me deram hoje, dia de meu aniversário!? lamentou, ao lado da mulher, Magali), Ricardo Cravo Albim, Antônio Adolfo, Stella Caymmi, Emilinha, Antônio Pitanga e o vice-governador, Luiz Paulo Conde. Este teorizava sobre a violência. ?O problema do País é a impunidade. Não adianta aumentar as penas, é cumprí-las?, disse. O violonista e diretor do Museu Villa-Lobos, Turíbio dos Santos, protestava: ?Agora somos caçados como cordeiros, a sociedade tem que reagir, não só com passeata no Leblon.? Às 14 horas, o caixão foi levado para a sepultura, seguido por cerca de 200 amigos. O trumpetista Sebastião Gonçalves, que teria o livro A Arte de Tocar Trumpete editado por Chediak este ano, tocou Cremos em ti, Senhor, e todos cantaram Homenagem ao Malandro, de Chico Buarque, a pedido de Jesus Chediak, que queria uma música alegre na despedida do irmão. ?O trabalho dele não pode parar. Espero que os amigos me ajudam a continuar?, prometeu ele. ?Temos que levar esse bastão adiante, pois a obra que o Almir deixou, nenhum assassino vai lhe tirar?, prometeu Francis Hime.

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