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Coronavírus se torna tema de playlists no Spotify

Músicas como 'Fever', de Peggy Lee, 'Enter Sandman', do Metallica, e ' Don't Stand So Close To Me', do Police, estão em listas com até 20 mil seguidores

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Por Julio Maria
Atualização:

Mais de 120 listas com a temática Coronavírus ou covid-19 já reúnem milhares de seguidores na plataforma Spotify. Em geral, não há uma coerência de estilos ou décadas, mas sim de nomes e assuntos ligados sobretudo aos efeitos da pandemia. Na verdade, não há coerência de nada com coisa alguma a não ser por uma palavra chave, geralmente no título, que as aproxime da situação. Criadas pelos usuários, algumas já chegam a 20 mil seguidores, como é o caso da Coronavirus Awesome Mix 2020.

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Ouvir Fever (febre), da cantora Peggy Lee, relacionada ao coronavírus é quase uma ofensa a uma das maiores vozes do jazz nas cinco décadas em que atuou sendo comparada a Bessie Smith e a Billie Holiday, a preferida entre todas do pesquisador braslieiro Zuza Homem de Mello. Peggy jamais pensaria em nada que não fosse a paixão ao cantar "Nunca entenderá o quanto eu te amo / Nunca entenderá o quanto eu me importo / Quando você coloca seus braços à minha volta / Eu sinto uma febre que se torna muito difícil de controlar."

Quando o REM canta Its The End Of The World As Know It, ou, em tradução livre, "é o fim do mundo tal qual conhecemos", tudo faz um pouco mais de sentido. Não pelo fim do mundo iminente, mas por ver o REM nessa. Afinal, o próprio Michael Stipe apareceu nesta quarta, 18, cantando o rock que estourou em 1987 e falando sobre os cuidados a serem tomados contra o vírus. A música sobe nas paradas rapidamente e já estava, na tarde de quarta, em 63º da Billboard. Quando foi lançada, ela não passou da 65ª posição.

Don'tStand So Close To Me, do Police, pode ser outro título pertinente ao que será da humanidade depois dos confinamentos compulsórios. Mas, de novo, só o título não basta. "Não fique tão perto de mim", cantava Sting, ao falar da relação de uma aluna com um professor bem mais velho do que ela. Seria algo autobiográfico já que Sting, ele mesmo, já havia sido professor de inglês. "Não!", respondeu logo Sting, citando trechos inspirados no romance Lolita, de Vladimir Nabokov. Coisas dos tempos em que as pessoas iam para a escola e se apaixonavam por professores.

Em algum momento, a playlist Coronavirus Awesome salta no tempo e vai parar na distópica The End, que os Doors mostraram pela primeira vez em 1967. Jim Morrison dizia o seguinte sobre uma das mais trágicas canções do rock. "Eu a vejo como uma canção de despedida a um tipo de infância." Mas há quem aponte inspirações em Sófocles e seu Édipo Rei ao dizer coisas como "Pai? Sim filho / Quero matar-te / Mãe, quero f..." De qulaquer forma, The End foi levada pelos soldados ao Vietnã, que a escutavam entendendo um significado completamente diferente deste fim do mundo.

Enter Sandman aparece na playlist para nos fazer pensar. Afinal, com as TVs, rádios e celulares ligados o tempo todo nas notícias, quem está cuidando das crianças? Alguém já parou para pensar que elas podem estar desesperadas, segurando o choro para poupar os pais. O que canta James Hetfield com o Metallica desde 1991, no maior clássico da banda, é de fazer a alma tremer. "Faça suas preces, pequenino / Não se esqueça, meu filho / De incluir todo mundo / Eu te cubro, te mantenho aquecido / Te mantenho livre do pecado, até o sono chegar."

A salvação chega em outra playlist, com The Cure. Existe a banda (The Cure), que nunca foi um bálsamo de otimismo, mas, no caso, é a música de Lady Gaga. Ela não promete a vacina para nada, mas jura que seu amor pode ser mais forte do que tudo. "Se eu não puder encontrar a cura, vou sarar você com o meu amor . Prometo que sempre estarei lá, prometo que serei a cura."

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Músicas colocadas nas playlists do Spotify sob a temática Coronavírus:

  1. Toxic (Britney Spears)
  2. SOS (Rihanna)
  3. Harder to Breathe (Maroon 5)
  4. Please Don't Touch (RAYE)
  5. Don't Stand So Close to Me (Police)
  6. Stayin' Alive (Bee Gees)
  7. The Cure (Lady Gaga)

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