Cordão do Boitatá não deixa a folia acabar

Frevo, samba, jongo, choro, marcha, forró, tudo no CD de estréia Sabe lá o que é isso?, de um grupo de foliões cariocas cujo bloco não tem dia certo nem hora marcada para sair. Clique para ouvir Forró Novo

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Por Agencia Estado
Atualização:

O folclorista Luís da Câmara Cascudo define cordão como "grupo de foliões com roupas de fantasia, cantando e dançando, mais ou menos ritmicamente, durante os três dias de carnaval ou certas festas tradicionais religiosas, São João etc.". O octeto carioca Cordão do Boitatá usa desse expediente no encarte do CD de estréia, Sabe lá o Que É Isso?, para amarrar o sentido genérico da música brejeira e cosmopolita. "As pessoas ainda têm certa dificuldade para entender o Boitatá", admite o compositor, arranjador, sanfoneiro e diretor musical do grupo, Kiko Horta, de 27 anos. O que eles fazem é nada mais do que certificar a qualidade de gêneros populares - samba, choro, frevo, jongo, marcha, forró, maxixe, folia de reis. Em torno deles, primorosos músicos que são, forjam bonitas canções, sustentadas por arranjos sofisticados, baseados em instrumentos acústicos e convencionais. "Desde o princípio, tínhamos como meta produzir um disco autoral. Não estamos fazendo releituras, reprocessando nada, nem compondo nos moldes dos antigos", afirma Kiko. A graça está na forma como conduzem esse emaranhado de idéias que sintetizam a vocação festeira brasileira. Há nisso um frescor de juventude, que se vale da tradição sem o compromisso com inovações estéticas. É tendência que se desenha há algum tempo entre jovens músicos, de maneira plausível. O Cordão do Boitatá nasceu em 1996 de maneira espontânea a partir de encontro de amigos que se reuniam para tocar juntos fazer festa, ouvir velhos discos de Pixinguinha, Waldemar Henrique, Silas de Oliveira e as relíquias do selo Marcus Pereira. Definida a formação instrumental - violão, cavaquinho, sanfona, viola, sopros, percussão e voz -, os músicos juntaram gostos e influências, criaram um bloco de carnaval e se espalharam por folguedos de Santo Antônio, São João, Pastoril. Neste carnaval, mais uma vez, o bloco sairá de algum ponto do Rio para arrastar a multidão que cresce a cada ano no encalço. Sem carro de som, os foliões percorrem as ruas no chão, fantasiados e tocando instrumentos portáteis, como mambembes de certas cidades do interior. Não divulgam o local nem a hora do desfile para evitar que vire modismo. Sabe lá o Que É Isso? - (Deckdisc). Preço médio: R$ 28

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