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Conflito Rússia-Ucrânia influencia festival europeu Eurovision

Por TEIS JENSEN
Atualização:

Cantores de 26 países vão competir no sábado no tradicional festival europeu da canção, o 'Eurovision', no qual uma drag queen austríaca barbuda enfrentará irmãs gêmeas da Rússia e o queridinho do público, de 21 anos, da Ucrânia. A canção new-age pop "Undo" da sueca Sanna Nielsen é a favorita das casas de apostas. Uma vitória dela seria a segunda em três anos para a Suécia. No total, a Suécia venceu a competição cinco vezes, sendo a mais famosa a canção "Waterloo", do grupo ABBA, em 1974. Mas os ecos dos conflitos geopolíticos na Crimeia podem dominar o festival da canção, que lançou, além do ABBA, a cantora Céline Dion. Muitos na platéia em Copenhague vaiaram na terça-feira quando as irmãs gêmeas russas Tolmachevy, de 17 anos, se classificaram para a final. Aumentando a controvérsia, os organizadores do concurso disseram que os votos de Crimeia - anexada pela Rússia - valem como votos ucranianos, porque as contagens são baseadas nos códigos de telefone nacionais existentes. Há grande especulação sobre a possibilidade de as candidatas da Rússia serem prejudicadas por causa da anexação da Crimeia e da intransigência na Rússia sobre os direitos dos homossexuais. O evento é muito popular na comunidade gay. As irmãs Tolmachevy, Anastasia e Maria, que venceram o Festival Eurovision Júnior em 2006, não se pronunciaram sobre temas políticos. A cantora ucraniana Mariya Yaremchuk, que recebeu muitos aplausos quando foi selecionada na terça-feira, disse que sua preparação para o concurso foi afetada pela crise em seu país. "Na verdade, quando estava me preparando na Ucrânia, eu não conseguia me concentrar no trabalho porque todos nós fomos influenciados por isso", disse ela à TV Reuters. Na Dinamarca, país que se orgulha das liberdades sociais, os organizadores dinamarqueses declararam que a tolerância é o tema principal do evento, e a bandeira do arco-íris simbolizando o orgulho gay foi colocada em muitos lugares em Copenhague. A candidata da Áustria, a drag queen Conchita Wurst - de salto alto, cílios de borboleta e uma barba espessa -, foi selecionada na quinta-feira. O público a aplaudiu muito em Copenhague e as casas de apostas apontam sua canção "Rise Like a Phoenix" como vice-campeã. "A barba é um símbolo de que você pode conseguir qualquer coisa, independentemente de quem você seja ou da sua aparência", Declarou Wurst à Reuters. Na Belarus, Armênia e Rússia - cujo governo aprovou uma lei no ano passado que proíbe a "propaganda gay" entre menores de idade - foram iniciadas petições online pedindo que Wurst fosse desclassificada ou a transmissão editada em seus países. O concurso foi iniciado na década de 1950 para ajudar a promover a unidade após a Segunda Guerra Mundial, mas questões geopolíticas influenciaram várias votações. A pontuação é composta de duas partes: o voto de juízes profissionais e do público, via telefone e SMS.

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