Confira como foi a 3.ª eliminatória do Prêmio Visa

A noite foi aberta com a voz do dramaturgo e ator Gianfrancesco Guarnieri em off em sua última gravação feita para uma peça de teatro

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Por Agencia Estado
Atualização:

Na semana passada foi o ator Raul Cortez; na terça-feira, na terceira eliminatória do 9.º Prêmio Visa de Música Brasileira - Edição Compositores, o homenageado no Sesc Vila Mariana foi outra figura importante que o teatro brasileiro perdeu no sábado: o dramaturgo e ator Gianfrancesco Guarnieri. Também letrista ligado à era dos festivais, Guarnieri é autor dos versos célebres de Upa, Neguinho (melodia de Edu Lobo), citados num texto lido pela mestre-de-cerimônias Rose de Oliveira. A noite foi aberta com a voz de Guarnieri em off em sua última gravação feita para uma peça de teatro. A sessão musical começou meio fria, devagar, quase parando, com a execução da valsa Serena, do violonista carioca Zé Paulo Becker (o primeiro concorrente da noite), tão rebuscada quanto aborrecida. Idem para a interpretação do talentoso Alfredo Del-Penho, que não estava no melhor momento. Em seguida, em leve crescendo no samba-choro Barriguda, o cantor ganhou a companhia da ótima Roberta Sá, cuja pronúncia se viu sufocada por mais uma cascata de notas. Dominando o microfone nas duas seguintes, Rua Bariri e Há Miles Que Vêm pra Bem - ambas mais cadenciadas e com boas letras de Aldir Blanc -, ela teve melhor oportunidade para suingar e mostrar sua graça. Mas no meio do caminho teve um solo de sax alto... Sem alterar muito a temperatura, o pianista mineiro Marcelo Onofri manteve o nível de sofisticação e também contou com outra voz expressiva, a de Izabel Padovani, sua parceira e vencedora do Prêmio Visa de 2005. Não tão ligado ao choro quanto Becker, ele também apresentou sua versão do gênero, Eu, Dança, de melodia entrecortada e cheia de "hermetismos pascoais". Influências da escola mineira moderna pipocaram em Rio da Saudade, com Onofri dividindo os vocais com Izabel, e na delicada, quase melancólica, A Flor e o Caminho. Nesta, o piano de Onofri teve seu maior momento de brilho em quase solo, com os outros instrumentos tocando suave e minimamente. Sem Izabel, ele encerrou o set cantando um samba-jazz, O Farfalar das Borboletas, aquecendo o campo para o que viria no segundo bloco. A mato-grossense Lucina irrompeu depois do intervalo com as boas-vindas de Rose: "Vozeirão-mulher, capricha." Não deu outra. A mais aplaudida da noite abriu o set com a balada pop Coração na Boca, só com o tal vozeirão, piano, altivez e simpatia. Foi só a primeira das duas parcerias com Zélia Duncan. A segunda foi o tango Enfim, que deu ainda mais calor à sua atuação, não contida, mas moderada e com uma ponta de dramaticidade a que o gênero induz. E não é que ela também caiu no choro? Mas, além do tratamento diferenciado, Lucina trouxe para Choro de Viagem (parceria com Luhli) o senso de humor. Para encerrar, veio o animado baião Música na Feira (dela e Vicente Barreto) em que se fez dançar ao som do acordeom. Lucina tem sucessos gravados por gente como Ney Matogrosso, Zélia Duncan e Nana Caymmi, mas optou pela novidade, além da diversidade rítmica. Três das canções são de seu álbum recém-lançado, A Música em Mim. O paulista André Abujamra também começou soltando o vozeirão num corajoso momento a capela na divertida O Infinito de Pé. Na boa companhia de Curumin (bateria) e Du Moreira (contrabaixo), ele enveredou pelo rock (O Dah ho) e reggae (Elevador). Confessando-se nervoso, substituiu uma música nova do roteiro (Arroba de Dor) por Natureza. Não manteve o interesse do início do set, mas deixou sua marca em versos gaiatos como: "O tempo fica parado, nóis é que avoa nele" e "Olha o terremoto destruindo tudo/ isso é limpeza para um mundo novo."

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