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Coletânea traz raridades de Billie Holiday

No mês dos 90 anos de nascimento da cantora, caixa comemorativa traz 2 CDs e um DVD com o melhor da produção dela entre 1935 e 1958

Por Agencia Estado
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A melhor notícia sobre a comemoração dos 90 anos de nascimento de Billie Holiday, a voz trágica do jazz americano, é a edição especial de uma caixa comemorativa contendo 2 CDs e um DVD com o melhor da produção da cantora entre 1935 e 1958. The Ultimate Collection, a tal caixa (Hip-O Records, US$ 30,99, nas lojas Virgin Records), traz ainda performances raras de filmes e da TV, três delas que não eram mostradas havia 50 anos, além de entrevistas pouco conhecidas e 42 canções. Sábado terminou em Nova York uma maratona inacreditável: a rádio WKCR-FM (89.9) tocou Billie Holiday durante 24 horas por dia nos últimos 15 dias, 360 horas ininterruptas com a voz da cantora que imortalizou Strange Fruit, Lover Man e God Bless the Child, entre outros clássicos. Para a atriz e cantora Queen Latifah, Billie foi um "ícone da música", uma cantora única. "Muita gente copia seu estilo nos dias de hoje, mas só existe uma Billie", disse Latifah. Apesar dessa veneração, Billie morreu com apenas alguns trocados no banco e US$ 750 escondidos no corpo, segundo contam os biógrafos. Lady Day foi sinônimo de tragédia. Aos 12 anos, ela perdeu a virgindade com um trompetista de uma big band no chão da sala de visitas de sua avó. Prostituiu-se aos 13 anos. Foi presa por prostituição e uso de drogas e condenada, em 27 de maio de 1947, por "receber, esconder, carregar, facilitar o transporte e ocultar drogas". Foi explorada por gente inescrupulosa, algumas das quais ela amou, como por exemplo o ex-marido Louis McKay. Cantou o mais pungente tema social do século, Strange Fruit, foi festejada e paparicada, mas sua vida ficou marcada por uma infelicidade tremenda. "Já me disseram que ninguém canta a palavra ´fome´ como eu. Ou a palavra ´amor´. Talvez seja porque eu me lembre do significado dessas palavras", ela escreveu - ou "ditou" - para seu ghost writer, William Dufty. A caixa The Ultimate Collection faz jus ao seu legado. Além de trazer gravações suas com todos os temas mais conhecidos (o material vem dos arquivos da Verve, Columbia e também da Decca e Commodore), há raridades como uma versão de Trav´lin Light, extraída de uma sessão de 1942 da Capitol Records, com um surpreendente acompanhamento da Paul Whiteman Orchestra. Gravações suas pouco conhecidas surgem, como Detour Ahead, e ela surge em ensaios fantásticos com músicos como Jimi Rowles. Outra raridade é uma de suas primeiras gravações, em 1933, em versão de Miss Brown to You, com Teddy Wilson & His Orchestra. Foi nesse ano que ela começou sua carreira discográfica, com a gravação de Your Mother´s Son-In-Law, com Benny Goodman. No DVD, há também uma outra raridade: uma apresentação no programa de TV Art Ford´s Jazz Party, reprisada um ano antes da morte da cantora. Poucas compilações são tão completas quanto essa.

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