Coletânea resgata inédita de Raul Seixas

Som Livre está lançando Anarkilópolis, country composto para o disco Metrô 473. Cantor baiano faria hoje 58 anos

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Vinte e dois anos depois de criar o Raul Rock Club, Sylvio Passos vai se tornar, oficialmente, o 22.º parceiro de Raul Seixas. A coletânea Anarkilópolis, que está saindo pela Som Livre, traz a faixa inédita que dá nome ao CD, com a assinatura de Raul, Cláudio Roberto e Sylvio Passos. "Eu tive o privilégio de ser, além de fã e seguidor, amigo pessoal do Raul. É uma coisa que levarei sempre comigo. Assinar uma composição com o Raul, depois de tanto tempo, é uma sensação muito boa", diz Sylvio. A canção Anarkilópolis é um country que deveria ter entrado no disco Metrô 743, da Som Livre, mas não ficou bem acabada e os produtores preferiram não incluí-la no disco. Nela, o que chama a atenção é o refrão "Eu não sou besta pra tirar onda de herói/ sou vacinado sou caubói/ caubói fora-da-lei" que, três anos depois, seria utilizado na música Cowboy Fora-da-Lei, sucesso do disco Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Bein-Bum, da gravadora Copacabana, com a assinatura de Raul e Cláudio Roberto. O reservado Cláudio foi um dos grandes parceiros de Raul ao lado de Paulo Coelho e hoje vive em um sítio na cidade fluminense de Miguel Pereira. O refrão, na verdade, foi composto pelo próprio Raul Seixas ainda na década de 70. Depois o cantor tentou utilizá-lo algumas vezes porque tinha vontade de fazer um country no estilo de Ready Teady, que ele gravou no disco Raul Rock Seixas. "A música é uma brincadeira gostosa. Na época, tinha saído uma pesquisa popular no SBT e o nome do Raul, ao lado da Xuxa e do Pelé, aparecia com destaque entre os preferidos da população para assumir a Prefeitura de São Paulo. É por isso que ele fala na letra ´Mamãe, não quero ser prefeito´", lembra Sylvio Passos. Sylvio diz que Raul e ele estavam escandalizados com o crescimento da bandidagem e, por isso, desenvolveram a letra de Anarkilópolis. "O país é o Brasil. E a história é uma coisa meio Ali Babá e os 40 Ladrões, meio filme de faroeste", diz. Sylvio Passos diz que a música foi descoberta por acaso nos arquivos da Som Livre. "Eu, para ser franco, nem me lembrava mais dela. Mas acho que foi um belo achado." Outros achados como Anarkilópolis também estão nos arquivos de gravadoras como a Universal e a Sony. "Há muita coisa que ainda não foi aproveitada. Não entendo bem por que o Raul vende muito. Qualquer coisa dele tem mercado garantido", diz Sylvio. O próprio Raul Rock Clube possui um arquivo valioso com gravações inéditas e versões alternativas ou sobras de gravações de Raul Seixas. Sylvio tem planos para criar um selo independente e lançar todo o material com tiragem limitada para fãs e estudiosos. "Tudo isso está comigo, mas não me considero o dono dessas gravações. Sou apenas o guardião delas. O trabalho do Raul pertence ao povo brasileiro. E um dia todo mundo que gosta do Raul terá acesso a isso."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.