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Coleção reúne "Raízes do Samba"

Originais de Cartola, Ari Barroso, Orlando Silva, Dorival Caymmi e outros mestres podem ser apreciados nos 14 novos volumes da série, que foram lançados nessa semana

Por Agencia Estado
Atualização:

Mais uma coleção de compilações - o segundo lote, com 14 volumes, da série Raízes do Samba (gravadora EMI) está nas lojas. São compilações, não discos originais. O samba de boa qualidade (e todos os títulos desse lote são de boa qualidade, alguns de excelente qualidade) vem reconquistando mercado. A política das majors do mercado fonográfico é aproveitar muito, gastando pouco: atirando no quase certo. Para montar a coleção, é necessário somente vasculhar os arquivos. Coisa sem custo, quase: só o preço da fabricação, coisa ínfima. Mas não é ruim que se faça isso: ruim é que quase só se faça isso. As grandes não lançam mais ninguém, nem relançam os títulos originais do acervo. Foi preciso que João Nogueira morresse para que se providenciasse (ainda não saiu, está para sair) a edição de seus (magníficos) elepês no formato digital. Dito isso, vamos aos títulos, começando pelos melhores: Cartola, por ele mesmo, com 20 obras-primas: As Rosas não Falam, Cordas de Aço, Alegria, Sala de Recepção. Ari Barroso, com outras 20 faixas, algumas interpretadas por ele mesmo (Nem Ela, Camisa Amarela, a menos conhecida Falta de Consciência, Sem Ela, Foi Ela, É Mentira, Oi), outras nas vozes nobres de Elisete Cardoso (No Rancho Fundo), Dorival Caymmi (Na Baixa do Sapateiro), Francisco Alves (Aquarela do Brasil), Orlando Silva (Risque). No caso de Ari, a compilação tem até mais méritos, já que essas gravações mencionadas estão fora de mercado. Mas a coleção tem também o erradamente chamado Conjunto Rosa de Ouro, mas que é o show Rosa de Ouro (com Araci Cortes, Clementina de Jesus, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento, Nescarzinho do Salgueiro e Paulinho da Viola); o Conjunto Nosso Samba, com repertório que vai de Ederaldo Gentil a Luiz Grande, Zuzuca, Martinho, Nei Lopes; o conjunto Os Cinco Crioulos, que juntava Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Mauro Duarte, Nelson Sargento e Nescarzinho do Salgueiro; os Originais do Samba, com seu repertório meio barro, meio tijolo; Os Partideiros do Plá, neste caso mais barro do que tijolo. Em compensação, o disco dedicado a Ciro Monteiro é muito bom, com Escurinho, Formosa, Sacode, Carola, Leva Meu Samba, Perdoa, Risoleta, Divina Dama. Ataulfo Alves vem de clássicos, de Amélia a Oh, Seu Oscar; o disco de Mário Reis traz duetos dele com Francisco Alves - Se Você Jurar, Anda, Vem cá, Fita Amarela, Deixa Essa Mulher Chorar - além dos solos - Jura, Dorinha, Meu Amor, Cansei, Nem É Bom Falar. Justificaria, por si, a coleção, o disco dedicado a Monsueto Menezes, sambista tão importante quanto pouco editado em CD. As músicas são quase todas dele - famosas, como Mora na Filosofia (parceria com Arnaldo Passos), Eu Quero Essa Mulher Assim Mesmo (o parceiro é José Batista), A Fonte Secou (com Tufic Lauar e Marcelo), além de outras que o tempo vem apagando. Outro título raro é o de Meirelles e Sua Orquestra, uma suingueira ímpar em 20 faixas (todos os discos têm 20 faixas) gravadas entre 1967 e 1973. O repertório tem de Caymmi e Zuzuca a Mamão e Antônio Adolfo. De Gilberto Alves também não existe muito na praça e a compilação de agora tem gravações realizadas entre 1957 e 1977, do Gavião Calçudo, de Pixinguinha, a Abre a Janela, de Arlindo Marques e Roberto Riberti. Destaque para Amar Foi Minha Ruína, de Meira, com letra de Augusto Mesquita. Por fim, mas não por último, o volume dedicado a Wilson Moreira e Nei Lopes, faixas extraídas dos dois discos que fizeram em 1980 e 1985, estes, sim, já editados, na íntegra, em CD. A lamentar, a ausência absoluta de informações sobre os autores e intérpretes, os integrantes do grupos, o encarte paupérrimo. Mas essa, infelizmente, é outra prática corrente.

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