Cláudio Zoli reúne sucessos do soul em novo CD

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Por Agencia Estado
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Num momento em que o samba-rock aparece como novidade musical, até com defensores puristas - um grande absurdo - e uma infinidade de grupos, uns iguais aos outros, o compositor Claudio Zoli ganha terreno nesse cenário da música negra pop. E simplesmente por fazer, desde a década de 80 uma composição claramente limitada pela black music, no caso, o gênero soul. Zoli, no lançamento do seu novo CD, Na Pista, reforça essa característica, que é a melhor de seu trabalho. Na Pista nasce sob o signo da despretensão. Num primeiro momento, isso soa apenas como comodidade. O álbum é composto por regravações de seus sucessos. Entretanto, não é somente um acústico (vulgo MTV) ou a gravação de um disco ao vivo. Na Pista tem, por exemplo, uma produção feita sob medida - assinada por Fábio Fonseca, diferentemente de Férias, álbum lançado em 1999, também pela Trama, que marcou a sua volta ao mercado fonográfico. Zoli, naquela ocasião, perdeu a mão da produção e sua música pop e negra quase virou um pastiche eletrônico. "Resolvi fazer essa coletânea de sucessos, incluindo principalmente Cada Um Cada Um (A Namoradeira) e Livre pra Viver, porque são músicas que sempre toco no show, que sempre me pedem nas apresentações e nunca tenho um registro disso", justifica ele, referindo-se à ausência de novas composições. "Eu queria ter essas gravações em CD, pois nunca houve uma reedição desse material. Ele está somente em vinil e é quase impossível encontrá-lo." Muitos gravaram composições de Zoli. A mais recente foi a de Pedro Mariano, no seu álbum de estréia, Voz no Ouvido. A escolhida foi novamente Livre pra Viver. No disco-solo do rapper X, ex-Câmbio Negro, trechos de músicas de Zoli foram sampleadas, dando suingue à crueza da poesia do rap. Nessa lista de sucessos regravados pelo autor, é impossível não lembrar de À Francesa (feita em parceria com Antonio Cícero), eternizada na voz de Marina Lima. Na sua versão apesar de mais dançante, ela revela um pouco mais de emoção, assim como o soul original, o norte-americano. Esse é justamente um conceito que permeia todo o disco: ser dançante sem tornar-se asséptico, preservando a alma black de Zoli. O megahit Noite de Prazer, de 1983, também está no CD. Nem todas as canções são do compositor, mas são do seu repertório de show. São elas: Linha do Equador, de Djavan e Caetano Veloso, Férias, de Cassiano e Índio, e Gostava tanto de Você, de Edson Trindade. "Nesse disco, eu queria expor a minha leitura musical presente nos shows. A intenção não foi além disso", conta. "Quando voltei a gravar em 1999, eu estava muito por fora da tecnologia eletrônica, não sabia direito o que era sampler e como lidar com ele. Agora, eu já fiz as minhas ponderações, o que me interessa e o que não. E encontrei a minha sonoridade atual, que é esse som de banda, com a minha guitarra rítmica, teclados e programações eletrônicas, mas como um dos instrumentos", explica. "Em Férias, havia o meu estilo também, pois estilo é composição e ritmo, no meu caso."

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