Chuck Berry vai fazer show em Jaguariúna

Aos 75 anos, o inventor do rock´n´roll se apresentará no dia 11 em festival no interior paulista

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Por Agencia Estado
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Seguuuura, peão! E pode preparar aquele seu passo do pato de novo, o famoso "duck walk". Seis anos depois de seu último show no Brasil, no Olympia, o inventor do rock´n´roll chega na próxima semana ao País para apresentar-se, no dia 11, às 22h, no Jaguariúna Rodeo Festival, uma jornada onde predominam caubóis de botas de acrílico e adesivos "matchos" na traseira de picapes. Chuck Berry apresenta-se dentro do projeto Kaiser Music, que apresenta domingo, também em Jaguariúna (120 km de São Paulo), a banda de rock progressivo Kansas. O guitarrista e performer, que há 46 anos revolucionou a música popular americana com um disco que tinha Roll over Beethoven, Maybellene e Wee Wee Hours, está na estrada e anuncia um novo disco. Se Chuck - apelido de Charles Edward Anderson Berry - lançar um novo disco, será o primeiro em 20 anos com composições novas. O guitarrista vive dos clássicos: Johnny B. Goode, Memphis, You Can´t Catch Me, Brown Eyed Handsome Man, "Sweet Little Sixteen e My Ding-A-Ling. Para a nova incursão em terras brasileiras, o agente do excêntrico e irascível Chuck já avisou que seu cliente não quer conversa, mas nem sempre ele é tão refratário a entrevistas. Recentemente, ele disse à Billboard o motivo pelo qual gravou tão esporadicamente nos últimos anos. "É preguiça, ou é medo que, após ter tido tanto sucesso, você afrouxe na habilidade e na iniciativa, sabe como é? E isso não é certo! Essa é minha profissão - é o que eu deveria estar fazendo." A lista de inimizades e barracos de Chuck Berry é longuíssima. Seu discípulo e fã confesso, Keith Richards, não resistiu às gravações de algumas sessões com o mestre. "Ele é uma prostituta às vezes, dá mais dor de cabeça do que (Mick) Jagger", afirmou Richards. Chuck traz, como de hábito, a banda estradeira, ele mais bateria, baixo e teclados. E uma lista de pequenas excentricidades, mas com alguma espécie de coerência. "Eu peço duas coisas", diz Chuck. "Uma limusine Lincoln no aeroporto e um amplificador Fender Bassman", ele diz. Se os promotores vierem com outro carro que não um Lincoln, ele avisa, devolve imediatamente. Como um caubói solitário, ele faz seu caminho e suas regras. Recentemente, contam, deixou o promotor de um show à beira de um ataque cardíaco. Faltando meia hora para o show começar e ele não era encontrável em lugar algum. Só seus parceiros de música sabiam que ele apareceria. "Ele sempre faz o show", diz Dick Allen, agente de Berry e também de Little Richard, dois clientes dos mais difíceis, por cerca de 50 anos. "Se o dinheiro está na mão, Chuck estará lá", diz. O dinheiro, em geral, gira em torno de US$ 35 mil por uma turnê. Em 1993, para um show no Free Jazz Festival, ele esqueceu a guitarra e tocou com uma guitarra emprestada do cantor Marcelo Nova - a mesma que está na capa do álbum-solo do ex-Camisa de Vênus, Marcelo Nova e a Envergadura Moral. Nova ficou todo prosa. "Não é para qualquer um, é para Chuck, e se é para Chuck, eu empresto", disse, na época. Nascido em 18 de outubro de 1926 em Saint Louis, Missouri, descendente de índios, de escravos e de seus senhores, ele tem vivido uma vida conturbada. Em 1959, foi acusado de seduzir uma adolescente de 14 anos, de origem apache. Nos anos 70, esteve na cadeia, cumprindo pena por sonegação de impostos. Escreveu uma autobiografia, em 1987, na qual recorda que mulher sempre foi o seu fraco. Enriqueceu com o rock e comprou propriedades por todo o Missouri, uma delas o Berry Park Country Club, a meia hora de Saint Louis. Lá, ele filmou um vídeo que o levou aos tribunais numa ação coletiva movida por 200 mulheres americanas: uma grande sessão de sexo grupal com várias mulheres e um único homem, o próprio Chuck. Chuck Berry tocará no próximo sábado, às 22 horas, na 14.ª edição do rodeio local. Cerca de 400 mil pessoas são aguardadas para os shows. O local é no km 130,5 da Rodovia SP 340 (Campinas-Mogi). Os ingressos custam entre R$ 10,00 e R$ 30,00 (à venda nas lojas Wrangler; informações 0800 770 3442).

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