Choronas, únicas no gênero, tocam em SP

Cantoras o Brasil tem muitas, mas raras são as tocadoras de choro e seus aliados: samba, maxixe, polca, baião. Isso faz do quarteto paulistano Choronas uma espécie rara

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Por Agencia Estado
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Mulheres que cantam, o Brasil tem às pencas. Instrumentistas de destaque, ao contrário, aparecem em escala microscópica na música popular. Mais raro ainda é um grupo de quatro delas que se dedica a tocar choro e seus aliados: samba, maxixe, polca, baião. Isso faz do quarteto paulistano Choronas uma espécie rara. Ana Cláudia (cavaquinho), Gabriela Machado (flauta transversal), Paola Picherzky (violão) e Roseli Câmara (percussão) completam dez anos juntas este mês. Amanhã e no domingo elas mostram suas habilidades no Sesc Vila Mariana, interpretando o repertório de seu segundo CD, Choronas Convida. Freqüentadora de um clube de choro desde a adolescência, Ana Cláudia notou que poucas mulheres atuavam na área. Veio daí a idéia de montar um grupo feminino do gênero. "Quis que chamasse Choronas para que as pessoas identificassem o conceito já pelo nome", conta ela. Enquanto estudava música erudita na Unesp, saiu à procura de musicistas que aderissem ao projeto. Foi ela quem converteu as demais para o choro. Não foi fácil. "As pessoas seguem uma profissão espelhando-se em alguém e as mulheres não vêem modelos formadores de opinião, como foi Chiquinha Gonzaga (1847-1935). Ela é um exemplo revolucionário, é nossa grande inspiradora." O primeiro disco do quarteto, lançado em 1999, foi batizado com o primeiro sucesso de Chiquinha, a clássica polca Atraente, de 1877. No CD há interpretações primorosas de clássicos e jóias escondidas de Waldir Azevedo, Pixinguinha, Paulinho da Viola, Hermeto Pascoal, Jacob do Bandolim, K-Ximbinho, Chico Buarque. As Choronas, como sua musa, têm um toque peculiar no jeito de executar as peças e de cometer pequenas ousadias, sem perder a graça e a leveza.

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