Chico Buarque e Maria Bethânia emocionam o Rio de Janeiro

Dupla, que não se encontrava no palco desde 2001, faz show para angariar fundos que devem ser usados pela escola de samba Estação Primeira de Mangueira

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

Maria Bethânia não se lembra onde nem como conheceu Chico. Mas não se esquece da primeira vez em que ouviu sua música. Era 1965, ela estava fazendo shows em São Paulo e, certa noite, se encontrou com Vinicius de Morais, que lhe apresentou a Olê Olá. A faixa entraria no primeiro LP do jovem compositor, Chico Buarque de Hollanda, no ano seguinte. A paixão por Chico foi alimentada nos últimos 40 anos por muitas músicas mais, um punhado de interpretações definitivas, uma temporada de oito meses em dupla no finado Canecão, em 1975. 

Bethânia será a homenageada pelo desfile da Mangueira neste ano, na Sapucaí Foto: MAURO PIMENTEL/ESTADAO

O último encontro no palco havia sido em 2001, Bethânia comemorando 35 de carreira, Chico como um dos convidados. Ontem à noite, o samba os uniu, em mais uma celebração de Bethânia. Eles foram as estrelas maiores no show pré-carnavalesco da Mangueira, que irá homenagear a artista em seu desfile. Ocuparam o palco do Vivo Rio no trecho final da noite. Chico entrou depois de Alcione, que o anunciou como “um guri da Mangueira”. Começou com Anos dourados, emendou com Olhos nos olhos, e, mesmo enfrentando dificuldades (sua voz estava muito baixa, tornando a performance desanimada e motivando reclamações do público), foi ovacionado. Bethânia fez dueto em Olhos e Noite dos mascarados e reclamou do som: “Eu não vou cantar sem ouvir o Chico nem morta!” No lugar dos sambas que exaltam sua história de nove décadas, a Mangueira, que realiza o show de verão há 14 edições, para angariar fundos para seu carnaval, resolveu privilegiar o repertório de Bethânia, canções, além das de Chico, de Caetano Veloso, Noel Rosa e Gonzaguinha. Quem abriu a noite foi a baiana Mariene de Castro, com Mel, A dona do raio e do vento e Oração de mãe menininha. Em seguida, cantou o baluarte Tantinho da Mangueira: Maria Bethânia e Mora na filosofia. Mart’nália animou muito a plateia com Baila comigo, Último desejo e Sonho meu, Angela Rô Rô emocionou com Fogueira, a portuguesa Carminho, com Terezinha de Jesus e Sangrando, com Alcione.

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