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Chicago é a vanguarda do Free Jazz

Por Agencia Estado
Atualização:

A vanguarda jazzística comparece com bons representantes no Free Jazz este ano - das novas e das velhas gerações. Entre as novas, pontifica o saxofonista Greg Osby. E no time dos veteranos do jazz experimental, o grande nome é o do Art Ensemble of Chicago, que encerra o festival no dia 22 de outubro, no Jockey Club de São Paulo. "A batida está em todo lugar porque veio antes da voz, da África, e é por isso que a música negra tem esse apelo", disse o percussionista Don Moye, um dos responsáveis pela cozinha heterodoxa do Ensemble, que utiliza - entre outros apetrechos musicais - coisas como gongos, apitos e até uma buzina de bicicleta. "Espero há 20 anos pela hora certa de ir ao Brasil e agora quero visitar a Bahia, ver o Olodum e conhecer Salvador", disse o bonachão Moye, que entrou para o grupo quando vivia em Paris, nos anos 60, e tocava com Gato Barbieri e Art Taylor, entre outras estrelas. Nesses anos todos de carreira, Don Moye conheceu uma infinidade de músicos brasileiros ("Airto Moreira, Flora Purim, Gilberto Gil, Tom Jobim", ele vai listando), mas nunca teve a chance de tocar no País. Recrutado pelo então cérebro do Ensemble, Lester Bowie (morto no ano passado), Moye tornou-se parte essencial do som do grupo. Ele disse também que está ansioso por reencontrar o baterista Max Roach, que ele considera como um pai, no festival. O percussionista disse que a morte do trumpetista Lester Bowie causou uma grande tristeza no grupo. "Irmão, ele faz muita falta, mas a vida continua e é preciso tocar o barco", afirmou. Bowie, mais os saxofonistas Roscoe Mitchell e Joseph Barman, o baixista Malachi Favors e o baterista Phillip Wilson fundaram o grupo em 1965, como parte do projeto Association for the Advancement of Creative Musicians de Chicago. Wilson deixou logo depois o grupo para juntar-se à Paul Butterfield Blues Band. "O que nós sentimos sobre o Free Jazz é que estaremos livres para tocar qualquer coisa, como gostamos", disse Bowie, em entrevista a Aaron Cohen, da Downbeat. "Podemos considerar todo tipo de queda livre como uma cor, consideramos o bebop como uma cor, o dixieland como uma cor, o rap como uma cor", definiu. "É como um estilo musical que pode ser usado num contexto de uma pintura muito maior; se você é livre o suficiente para ir em frente, manter-se à margem de todos os estilos e depois combiná-los, você pode enviar uma outra mensagem completa", teorizou. Durante dois anos, eles estiveram baseados na Europa, entre 1969 e 1971, quando regressaram a Chicago. Lá, fizeram uma reentré triunfante, que foi documentada no disco Live At Mandel Hall.

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