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Céu lança DVD para comemorar seus 10 anos de carreira

Cantora sela turnê na estrada desde 2012

Por Adriana Del Ré
Atualização:

A caravana de Céu já rodou muito o Brasil - e o exterior. Desde 2012, a cantora paulistana está com o pé na estrada com a turnê de seu terceiro disco, Caravana Sereia Bloom. Atravessou os Estados Unidos de cabo a rabo, se apresentou na Europa, África do Sul e Colômbia, mas, entre 2013 e 2014, decidiu que queria concentrar sua agenda em território brasileiro. Como fora do País as datas de shows são fechadas com antecedência, Céu conta que, muitas vezes, tinha de abrir mão de convites feitos no Brasil. “Eu passava três meses do ano fora e perdia as coisas aqui. Desta vez, fiquei e acabei tocando muito mais.”

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O show dessa turnê de atmosfera à la Bye Bye Brasil ganhou registro no despojado Centro Cultural Rio Verde, em São Paulo, em julho deste ano, e é lançado agora no CD e DVD Céu Ao Vivo. Gravado em um único dia de apresentação - e, por isso, sem muito tempo hábil para se refazer passagens da performance -, o projeto acabou captando o que é mais próximo do que se vê num palco, valendo aí toda sua fluidez e, por que não, imprevisibilidade. 

A pressão que a cantora sentia na gravação deste que é o primeiro DVD de sua carreira era tamanha que ela trocou as bolas durante o espetáculo, anunciando ao público Mil e Uma Noites de Amor, sucesso de Pepeu Gomes, quando, na realidade, seria a vez de Piel Canela, sucesso de Eydie Gorme e Los Panchos. O pequeno deslize foi mantido na edição. “Nunca errei isso na vida e fui errar bem naquele dia! Os músicos começaram a rir muito da minha cara. Erro de quem está realmente ansiosa e nervosa”, diverte-se ela. 

Renovação. Céu já compõe para um quarto álbum, que deve ser lançado em 2015 Foto: Divulgação

 

Céu ao Vivo foge também dos padrões da maioria dos registros do gênero ao alternar a cantora no palco com alguns momentos dela nos bastidores, discutindo ideias e repertório com sua banda. Para os extras, foram reservados os clipes da cantora, como Grains de Beauté, Cangote e Baile de Ilusão. “Sempre quis que ficasse dessa forma, mas existia uma preocupação da gravadora porque aqui no Brasil existe uma coisa interessante: as pessoas colocam na festa o DVD como áudio”, conta. Antes de baterem o martelo, no entanto, o projeto foi submetido a dois formatos: o show na íntegra, sem interferências externas, e depois o show com algumas interferências. Prevaleceu a segunda alternativa. 

Tudo começa com Céu cantando a triste O Palhaço, de Nelson Cavaquinho, ainda num momento mais intimista, longe do palco. Já no show, vestindo um poncho e com cabelos presos, ela emenda Ffree com Falta de Ar. O ambiente é esfumaçado, à meia-luz. Algumas músicas depois, em Sereia, vem a transformação no figurino. O estilo invernal dá lugar ao vestido cintilante e aos cabelos soltos. Mas a vibe do show segue a mesma.

A escolha do repertório foi tarefa difícil. A certa altura, Céu, numa cena de bastidor, compartilha sua angústia com os músicos. “Fiquei pensando se a gente está colocando todas as músicas importantes”, questiona. A cantora não queria partir do zero e criar um show especialmente para gravar o DVD. Preferiu manter o espírito da turnê tão bem azeitado após dois anos e que já vinha carregando, além de canções do terceiro disco, faixas de seu primeiro e segundo álbuns, Céu (2005) e Vagarosa (2009), respectivamente. “Essa escolha é um dilema, foi meu primeiro DVD. Nunca tinha tido um registro, pensei nisso com carinho. Os arranjos já estavam bem certinhos, então, eu queria registrar muito o que estava rolando, mas sem deixar de lado certas coisas. Assim, entraram Espaçonave, Visgo de Jaca, que é uma canção que eu gravei, mas só para o EP do Vagarosa. No final, acho que rolou, ficou bem equilibrado com os três discos.”

Do primeiro álbum, saíram canções como Malemolência, Rainha, 10 Contados e Concrete Jungle; do segundo, Cangote, Comadi, Bubuia, Grains de Beauté e Espaçonave; e do terceiro, Falta de Ar, Retrovisor, Teju na Estrada, Contravento, Palhaço, Sereia, Baile de Ilusão e Ffree.

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Da obra alheia, faz versões das já citadas Piel Canela (Bobby Capó), Palhaço (Oswaldo Martins, Nelson e Washington), Visgo de Jaca (Rildo Hora e Sergio Cabral) e Mil e Uma Noites de Amor. Esta última música, feita por Pepeu em parceria com Baby Consuelo e Fausto Nilo, surgiu no repertório que Céu apresentou no festival Rec-Beat durante o carnaval de 2013, no Recife. Ela acabou se apegando à versão. “Desde então, a gente nunca mais parou. E fui descobrindo aos poucos que adoro música que faz as pessoas dançarem.” 

As regravações reforçam que Céu não é somente intérprete das próprias composições. “Um dia ainda devo gravar um disco como intérprete só, porque gosto de cantar. Não me limito a escrever. Sempre gravei mais de uma música de outros compositores em cada disco e é um traço da minha carreira.”

Algumas razões motivaram a feitura do DVD ao vivo: os dez anos de carreira da cantora, a vontade dos fãs e o fim do ciclo da turnê Caravana Sereia Bloom. Aos 34 anos, Céu, que está em contínuo processo de composição, planeja um novo trabalho para 2015. Deve fazer mais alguns shows dessa turnê e também do projeto Catch a Fire, com repertório dedicado a Bob Marley e com o qual também vem se apresentando desde 2013. Mas ambos estão com os dias contados. “Começo a afunilar todos meus pensamentos para o quarto disco, mas ainda está tudo supervago. Não existe ainda uma característica em que eu possa dizer é ‘por aqui’.”Trajetória feita de estrada e múltiplas influênciasFilha do maestro e compositor Edgard Poças e irmã do cantor e também compositor Diogo Poças, Céu surgiu no cenário musical paulistano como um sopro de frescor quando os anos 2000 se principiaram. E acabou abrindo caminho para uma então nova geração de cantoras/compositoras mostrar seu valor, como Tiê e Andreia Dias. 

Antes, aos 18 anos, passara um ano em Nova York - segundo ela, período importante para sua carreira. “Me descobri compositora nessa fase, mas voltei ao Brasil. Eu não queria fazer um disco de brasileira morando fora, queria fazer o disco de uma pessoa que vive o Brasil. Sempre optei pelo Brasil, por cantar em português”, diz ela. Sob múltiplas influências, da canção brasileira ao reggae, R&B e jazz, edificou sua própria música. 

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Em 2005, veio o elogiado disco de estreia, CéU, com boa repercussão também no exterior. O trabalho se fez a partir de suas composições - a grande maioria delas feita com parceiros -, como Malemolência, Roda e 10 Contados. E tome pé na estrada. Em 2009, após ter se tornado mãe, lançou o álbum com o sugestivo título Vagarosa. Depois de um primeiro disco bem-sucedido, o segundo trabalho sempre chega com expectativas ainda maiores. Resultado: Vagarosa foi considerado um dos melhores daquele ano. E dá-lhe outra turnê no Brasil e no exterior. 

Em 2011, o disco Sonantes compilou canções compostas por um coletivo de artistas, vizinhos no bairro de Perdizes, em São Paulo, formado por Céu, os irmãos Gui e Rica Amabis, Dengue e Pupillo, os dois do Nação Zumbi. Impregnado de MPB, afro, latino, entre outros ritmos, o projeto paralelo da cantora contou ainda com participações especiais de Siba, Lúcio Maia, Beto Villares, BNegão, Apollo 9, Fernando Catatau, entre outros. 

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