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CDs trazem regravações de clássicos dos Stones

Saem os discos "Paint it Black", de astros do pop-rock e do soul entre 1965 e 2001 e "The Rolling Stones Project", do saxofonista e tecladista Tim Ries

Por Agencia Estado
Atualização:

A tentação de gravar covers dos Rolling Stones já bateu em várias paradas, do reggae à sinfônica, incluindo um horrendo projeto de eletro-bossa, recém-lançado por aqui. Agora chegam mais dois produtos do gênero - "Paint it Black" (EMI) e "The Rolling Stones Project" (Universal) - com algumas canções em comum. O primeiro é uma compilação acima da média de clássicos de Mick Jagger e Keith Richards, regravados por astros do pop-rock e do soul entre 1965 e 2001. O segundo é um projeto bem cuidado de pop-jazz do saxofonista e tecladista Tim Ries, que vem acompanhando os Stones desde 1999. "Paint it Black", a canção, carrega nas costas uma polêmica por causa da vírgula entre o it e o black no título original. Isso gerou muitas discussões em 1966 sobre uma possível conotação racista. O hit recriado aqui pelo grupo The Mighty Lemon Drops também deu nome a outra compilação do gênero, de reggae. Ambas, com a vírgula devidamente limada. Com quatro faixas a menos que a versão americana, esta é melhor que a homônima de 2002 e abre com David Bowie em "Let´s Spend the Night Together", seguida de "Street Fighting Man", com o bom Rod Stewart de 1969. Os astros do soul brilham em "Jumpin´ Jack Flash" (Aretha Franklin), "(I Can´t Get no) Satisfaction" (Otis Redding) e "Honky Tonk Women" (Ike and Tina Turner). Outras boas faixas são "Gimme Shelter" (Grand Funk Railroad), "Lady Jane", com o obscuro Tony Merrick, em registro de 1965, "Out of Time" (Ramones) e uma curiosa versão reggae de Leon Russell para "Wild Horses". Um CD desses pode não fazer falta para os fãs dos Stones que preferem os originais, mas pelo menos já merece crédito por ignorar os duvidosos anos 80. O projeto de Tim Ries tem participações do baixista John Patitucci e das cantoras Norah Jones, Sheryl Crow e da brasileira Luciana Souza. Com exceção de Norah (que canta e toca piano em "Wild Horses"), as demais fazem aparições discretas em faixas cujo forte é o instrumental. "Street Fighting Man", com vocalises e scat singing de Luciana, é uma tentativa de fazer samba, que acaba num arremedo de baião à moda de Hermeto Pascoal. Irreconhecível. Dos Stones, só Mick Jagger ficou de fora. O baterista Charlie Watts, que já tem um braço no jazz, os guitarristas Keith Richards e Ronnie Wood (autor da capa abstrata) se alternam e se cruzam em três faixas. O baixista Darryl Jones e a cantora Lisa Fischer, integrados aos Stones desde os anos 90, também têm vez, como em "Honky Tonk Women" e "Waiting on a Friend". Roqueiros mais radicais podem se chatear com longas sessões de improviso jazzístico, mas o resultado é curioso e positivo em grande parte.

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