CDs atestam vitalidade da música maranhense

Boqueirão, de Mochel, e No Batuque do Coração, de Lourival Tavares. Cada um a seu modo atesta a vitalidade - não o exotismo - da música brasileira para longe do eixo Rio-São Paulo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mais duas boas notícias da música maranhense. Depois da estréia em CD de Antonio Vieira, aos 82 anos, com O Samba É Bom, chegam ao mercado os discos Boqueirão, de Mochel, e No Batuque do Coração, de Lourival Tavares. Cada um a seu modo atesta a vitalidade - não o exotismo - da música brasileira para longe do eixo Rio-São Paulo. Nem Mochel nem Lourival são estreantes, contudo. Coube a Mochel, por sinal, apresentar a obra de Antonio Vieira a Rita Ribeiro, que, gravando Tem Quem Queira e Cocada, ajudou a revelar o octagenário compositor ao mercado. E é Rita Ribeiro quem aparece fazendo o coro em Boqueirão, muitos anos antes de se firmar em São Paulo, assim como Zeca Baleiro, que também está no disco. Explica-se: o CD que sai agora pela CPC-Umes é o relançamento do heróico álbum independente que deu a Mochel, em 1993, o prêmio Sharp categoria revelação. Em Boqueirão, Mochel passeia por gêneros maranhenses, flerta com o samba e a cantiga, mas não há como ignorar o acento pop que orienta o álbum, da música que o batiza às jóias Maravilhar, Biana, São Bento Velho de Bacurituba e, principalmente, Auto do Boi Vaga-Lume, em que Mochel revisita o mote central - e a cadência - do bumba-meu-boi. Já No Batuque do Coração é o segundo álbum de Lourival Tavares pela CPC-Umes. No primeiro, Na Colheita dos Versos, de 1999, Lourival cantou Patativa do Assaré, Gonzaguinha, Luiz Gonzaga, João do Vale, Torquato Neto, entre outros. Desta vez, canta mais as músicas de sua própria lavra, ou parcerias. Uma das poucas exceções é o elaborado Pequeno Concerto que Virou Canção, de Geraldo Vandré. Xote, baião e coco são os gêneros mais explorados por Lourival Tavares. Por oposição a Mochel, que tem por inspiração cenários e temas da capital São Luís, Lourival é homem do sertão. Mas, assim como no disco de Mochel, a divisão rítmica e o sotaque percussivo não acorrentam a obra, e não há como acomodá-la no apertado rótulo de música regional. As faixas Velha Calça de Xadrez, Enluarado, Solidão das Lamparinas e Canto Razão são exemplos desta orientação, e também os destaques do disco.

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