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CD relembra a música da era JK

Wagner Tiso e Zé Renato gravam músicas relacionadas à vida do presidente, cujo centenário será comemorado em setembro, e dão uma amostra do repertório em apresentação esta semana no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

O pianista e arranjador Wagner Tiso fez 15 anos em 1960, quando Juscelino Kubistcheck inaugurou Brasília, e se ligava na música que começava a aparecer, a bossa nova, e no jazz, que vinha de fora. Zé Renato tinha 4 anos e pouco se lembra da época. Eles aceitaram sem hesitar o convite para gravar o disco Memorial JK, com canções que marcam a trajetória do presidente nos anos dourados. "São músicas que contam a história do século 20, mas quem tem menos de 40 anos desconhece", conta Tiso. "Voltar a esse repertório, que normalmente não me ocorreria tocar, foi o principal motivo para entrar nessa história." O CD foi encomenda do Instituto Takano, como complemento de uma revista comemorando o centenário de JK, que ocorre em setembro deste ano, e tem ainda textos de Maurício Dias, situando o momento histórico e da biografia do presidente em que as músicas eram mais tocadas. O CD chega às lojas no início de junho, pela gravadora Biscoito Fino, e vira show no segundo semestre, com turnê que passará por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Diamantina, no interior de Minas Gerais, terra do presidente. Nesta quinta-feira, só para convidados, haverá uma prévia no antigo Jazzmania, em que Wagner e Zé Renato apresentam ao vivo o repertório elaborado desde o início do ano. "A escolha das músicas foi um consenso. Selecionamos inicialmente 30, as mais significativas, e nos guiamos pelo que gostamos de cantar e tocar", conta Tiso, que não pretende abranger toda a produção musical dos anos JK nem os 74 anos que ele viveu. "Se pensarmos no gosto dele, só haveria seresta, mas não era nossa intenção. Nem era também incluir músicas sobre ele, como Presidente Bossa Nova, do Juca Chaves, que fez sucesso na época, mas é pouco lembrada." Não que faltem serestas ou bossas novas. Noite Cheia de Estrelas (de Cândido das Neves), Súplica (Otávio Mendes e José Marcílio), Neuza (Klécius Caldas) e É a Ti, Flor do Céu (M. Ferreira e T. Pereira) estão no repertório de todo seresteiro, enquanto O Grande Amor e Lamento do Morro (de Jobim e Vinícius) são exemplos perfeitos do segundo caso. E mesmo quando a música não se enquadra, como Pois É (Ataulfo Alves), Quando Tu Passas por Mim (Vinícius de Moraes e Antônio Maria) ou Tristeza do Jeca (de Angelino de Oliveira), o arranjo remete a um ou outro gênero. "No caso dos sambas, a intenção foi valorizar a linha melódica dessas músicas", explica Zé Renato, que vem gravando um repertório histórico. "Não pretendo me especializar, mas sinto-me à vontade com esssas canções, que já conhecia na forma original." Não por acaso, todas as músicas são anteriores aos anos 70. "Mas tudo que aconteceu na música brasileira é desse período. Dos 80 para cá, não houve nada marcante", afirma Tiso. Ele não abre exceção nem para sua produção ou a de seus companheiros de Minas. "Mesmo as músicas do Clube da Esquina são dos anos 70. A única exceção do disco é Céu de Brasília, de Toninho Horta e Fernando Brant, de 1979, mas é herança de JK." Para Zé Renato, "JK foi o protagonista de uma época em que o Brasil era feliz". Wagner acha difícil comparar aquele período com o Brasil de hoje. "Agora, tudo ficou globalizado. No fim dos anos 50, o Brasil olhava para o futuro, mas a gente só conhecia o que estava próximo. Eu só fui saber como eram um baiano ou um pernambucano quando vim para o Rio e fui morar em repúblicas", lembra. "Hoje você sabe como é a música ou as pessoas de qualquer lugar do mundo. Basta entrar na Internet."

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