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Cauby Peixoto volta aos palcos em plena forma

Um ano depois da cirugia no coração, ele mostra no Teatro Municipal do Rio um recital com seus maiores sucessos. Ainda em setembro, faz uma temporada em SP

Por Agencia Estado
Atualização:

Um ano depois de ter alta de uma cirurgia para colocação de seis pontes safenas no coração, Cauby Peixoto está em plena forma. Ele se apresenta amanhã (01) à noite, no Teatro Municipal de Niterói, acompanhado de um trio (Moisés Pedrosa, nos teclados; Paulo César PC, na bateria, e Olímpio Silva, no baixo) cantando seu repertório eclético, recheado de sucessos, seus e de outros cantores. "É um recital, que exige muito do cantor", ensina Cauby, do alto de seus 50 anos de carreira, completados este ano. "Num teatro, o público vai para ouvir e não adianta a gente mandar cantar junto, tentar fazer dançar. Gosto muito desse tipo de espetáculo." Meio século de palco ensinou o cantor a dominar o público. E ele não se recusa a nada. Faz desde bares sofisticados e intimistas, como o Antonino, no Rio, a praças públicas, para milhares de pessoas. "Faço muito no Nordeste e respeito da mesma forma qualquer tipo de público, do mais rico ao mais pobre, o sofisticado e o simples", diz ele, que ainda faz pelo menos um show por semana, isso quando está de folga. O mais difícil é cantar em festas de clubes. "É um desafio porque as pessoas estão lá para dançar e chega aquele chato cantando músicas paradas. É preciso agradar, fazê-los cantar e saber a hora de entrar e sair do palco. Esse é o grande segredo do artista." Pobre ou rico, sofisticado ou inculto, o público exige pelo menos três músicas: "Conceição", "Bastidores" e "New York, New York", por sinal, as suas preferidas. "Eu gosto do que faz mais sucesso, do que provoca mais aplausos, mas gravo e canto outras coisas também. Nunca deixo de incluir Roberto e Erasmo nos meus shows. O público adora música romântica", ensina o cantor. No show de amanhã, ele canta "Cavalgada" e ainda "Molambo", "Luzes da Ribalta" e a recente "Resposta ao Tempo". Cauby está sempre cantando o sucesso. "Quase não ouço rádio ou vejo TV, mas meus amigos me mandam discos e eu também os compro. Mas meu forte mesmo é o repertório de sucessos sem ligar para o que está em voga. Dura pouco o cantor que segue moda porque os modismos passam rápido." Não é o caso de Cauby, que estreou no palco em 1951, mas a música estava no sangue. Seu pai, apelidado de Cadete, era violonista; o tio, Romualdo Peixoto, o Nonô, foi pianista popular; o primo é o cantor Ciro Monteiro, até hoje reverenciado. Mas quem o colocou como crooner de boates em São Paulo foi o padrinho, Edgar Veras, o Di Veras, que o levou também a gravar o primeiro disco, em 1955. Foi sucesso imediato, com a versão de "Blue Gardênia", hit de Nat King Cole. Dizem que foi também Di Veras quem incentivou as fãs à histeria, que levava adolescentes a rasgar as roupas do ídolo. "Ele me ensinou a respeitá-las. Em vez de dar atenção a uma só, dedicava-me a todas", lembra Cauby. "Elas se casaram, tiveram filhos e hoje também vão aos meus shows. Sou um cantor da família inteira." "Conceição", que se tornou sua marca registrada, foi do elepê seguinte, "Você, a Música e Cauby". Desde então, foram gravações regulares, 34 discos, segundo seu site oficial na Internet. Gravava um pouco de tudo, como atesta ´Cauby Canta para Ouvir e Dançar", em que há música italiana (moda na época) boleros, bossa nova e sucessos americanos. E Cauby, já nessa época, percorria o Brasil inteiro, cantando com músicos locais, lotando os lugares onde se apresentava. "Não é difícil para eles, que geralmente são da noite e sabem muita música de cor", comenta. "Para mim também é fácil porque comecei em boate e me adapto a quem me acompanha." O grande sucesso seguinte foi "Bastidores", um presente de Chico Buarque, para o disco "Cauby! Cauby!", de 80. "New York, New York", só foi gravada em 1986, no disco "Só Sucessos" e desde então é a preferida do público. "Não posso deixar o palco sem cantá-la", conta. "Às vezes, encerro o show, deixo "Conceição" e "Bastidores", a minha preferida, para o fim, mas a platéia exige minha volta para cantar "New York, New York". Não tem jeito." Foi nessa época que a crítica e o público sofisticado confessaram gostar de Cauby. Afinal, se Chico Buarque endossava, porque não declarar o gosto? Especialmente a partir de 1982, quando ele gravou disco com Ângela Maria e começou a fazer shows com ela. Ângela, aliás, é a cantora preferida de Cauby até hoje. "Cantor tem de ter timbre e técnica. A Elis Regina, por exemplo não tinha uma voz tão bonita, mas era a maior do mundo porque era jazzística, sabia tudo", garante. "Já a Ângela tem uma voz linda e foi muito mais popular." Aos 66 anos, completados em janeiro, Cauby mantém a voz e a animação no palco intactas. Para a primeira, ele tem uma receita, que está longe do que ensinam os professores de canto. Ele não evita gelado, não aquece a voz antes de entrar no palco e só está fazendo exercícios, caminhadas, por recomendação médica, após a operação das safenas. "Mas nunca fumei ou bebi porque não aprecio. Só uma vez na vida tomei um pilequinho e não gostei de mim. Não cantei bem e isso para mim é sagrado", adverte. Quanto ao entusiasmo, é amor à arte mesmo. "Palco para mim é religião. Nunca me aconteceu de entrar em cena desanimado, sem muita vontade. Venho com a cara, coragem e muito tesão, o que é fundamental. Isso, eu nunca perdi, nem perderei." Tanto que ele está cheio de planos. Este mês, faz temporada em São Paulo, na boate Scandal, e até novembro tem projeto ambicioso: gravar disco ao vivo com a Orquestra Filarmônica do Rio. E ele ainda pretende fazer outro CD só de boleros, para o mercado externo. "Vai ser lançado nos EUA e na Europa, além do Japão, onde a música brasileira é sucesso." Uma turnê pelo Japão também está na sua agenda. "Nunca estive lá, mas agora quero conhecer."

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