Casal 20 da ópera grava "Trovatore"

A versão do casal Roberto Alagna e Angela Gheorghiu para o Trovatore de Verdi dividiu as críticas, que condenaram o marido mas elogiaram a mulher

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Por Agencia Estado
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Roberto Alagna e Angela Gheorghiu acabam de lançar uma nova gravação do Trovatore de Verdi. Regência de Antonio Pappano, elenco composto ainda de Thomas Hampson, Ildebrando D´Arcangeli, Larissa Diadkova. A crítica, em sua maioria, não gostou do Manrico de Alagna, amaneirado, uma colagem do que há de pior na lista de registros da ópera. Para Angela, no geral, elogios, seu nome colocado ao lado das grandes intérpretes de Leonora. Há quem diga que isso não deve soar como surpresa. Ela, afinal, aos 36 anos, tem se mostrado mais consciente do próprio talento e conduzido sua carreira de modo mais inteligente que o marido, hoje com 38 anos. Questão de opinião. O fato é que os dois, hoje, desfrutam de grande popularidade, resultado não apenas do talento mas também de um cuidadoso jogo de marketing que eles mesmos assumem. Alagna, mistura de sicilianos e franceses, firmou-se no cenário internacional depois de ganhar, em 1988, o Concurso Pavarotti e, no mesmo ano, interpretar Alfredo em uma produção de La Traviata, em Glyndebourne. Foi também na ópera de Verdi que a romena Angela começou a chamar a atenção de público e crítica, em uma montagem de 95 realizada no Covent Garden, sob regência de Georg Solti. O resto é história. Os dois casaram-se entre récitas de uma La Bohème, no Metropolitan, também em 95, e têm uma filha. No que diz respeito à carreira, cada um seguiu sua trajetória. Alagna assinou contrato com a EMI Classics e Angela, com a Decca (hoje parte do grupo Universal). Mas não demorou muito para que um agente percebesse o potencial mercadológico de um "casal 20" da ópera. Ambos fizeram, e ainda fazem, turnês conjuntas. Ao disco Heróis de Verdi, gravado por Alagna para a EMI, em Berlim, juntou-se Heroínas de Verdi, feito na Itália, por Angela, para a Decca. Dois anos antes, juntos, haviam lançado um disco com duetos do compositor. Romeu e Julieta, Gianni Schicchi, Werther, Manon, o Réquiem de Verdi, e agora Tosca, estão entre as muitas gravações que Alagna e Angela já realizaram juntos, quase sempre sob a batuta do italiano Antonio Pappano, novo diretor do Covent Garden e uma das novas estrelas do elenco da EMI. Alagna e Angela estiveram no Brasil em 98, cantaram no Festival de Campos de Jordão - ele decepcionou, não se sentiu bem, a mudança de temperatura lhe teria feito mal. Moram atualmente na Suíça. Em tempo: quem quiser tirar a dúvida com relação ao Trovatore, o selo é o EMI (dois discos, R$ 79).

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