PUBLICIDADE

Carmen Costa é tombada como patrimônio cultural

A homenagem do Museu da República e do vereador Edson Santos (PT) tem caráter simbólico e o objetivo de motivar o Ministério da Cultura a encampar o projeto de tombamento de pessoas

Por Agencia Estado
Atualização:

A cantora Carmen Costa, de 83 anos ? intérprete de Está Chegando a Hora, Cachaça não É Água e Eu sou a Outra ?, será tombada hoje como patrimônio cultural do País. A homenagem do Museu da República e do vereador Edson Santos (PT) tem caráter simbólico e o objetivo de motivar o Ministério da Cultura a encampar o projeto de tombamento de pessoas ?com notório saber ou bons serviços prestados à cultura?. Elas passariam a receber uma aposentadoria especial da União para se apresentar por todo o País. De acordo com Santos, já há leis na França, China e no Japão que prevêem o tombamento de pessoas. ?O ministro Gilberto Gil já foi apresentado ao projeto e gostou muito. A idéia é que essas pessoas possam trocar experiências com os mais novos e cumpram uma agenda nacional. Para isso, receberiam um rendimento mensal a ser fixado de acordo com a possibilidade do ministério?, afirmou. Depois de Carmen Costa, Santos sugere o tombamento da atriz Ruth de Souza. Carmen Costa está emocionada com a possibilidade de ser a primeira pessoa tombada no Brasil. Ela vive em Jacarepaguá, na zona oeste, recebe aposentadoria por idade de R$ 524 e ainda se apresenta em shows pela cidade. ?Não quero viver do dinheiro do governo. Quero ser útil, levar a história da música brasileira para as escolas, cantar para as crianças?, diz ela. Carmen foi descoberta em 1935, quando era empregada doméstica na casa do cantor Francisco Alves. Uma noite, depois do jantar, pediu para cantar para alguns convidados ? entre eles, Carmen Miranda. Agradou tanto que foi parar no programa de calouros de Ari Barroso, na Rádio Cruzeiro do Sul. A partir de então, fez dupla com Henrique Filipe da Costa, o Henricão, ficaram juntos por sete anos e gravaram o primeiro grande sucesso: ?Está chegando a hora?. Em 1947, mudou-se para os Estados Unidos, onde se apresentou no teatro Triboro, de Nova York. De lá, seguiu para Caracas e Bogotá. De volta ao Brasil, iniciou romance com o compositor Mirabeau Pinheiro, que era casado e com quem teve a única filha, Silézia. Durante o relacionamento, gravou 33 músicas de Mirabeau, como Cachaça não é água, Quase, e Obsessão. Também cantou Eu sou a outra, de Ricardo Galeno. ?Fui a outra por cinco anos. Não me arrependo de nada. O que fiz está feito e foi com boa intenção. Engravidei achando que ficaríamos juntos por mais tempo. Mas filho não prende homem?, ensina. Em 1962, participou do concerto de bossa nova no Carneggie Hall, em Los Angeles. Depois, voltou definitivamente para o Brasil, onde se apresenta até hoje em casas de shows. Além da filha Silézia, Carmen tem dois netos e dois bisnetos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.