Carlinhos Brown: 'América Latina precisa de um movimento urgente de educação'

Para o artista, a arte é ferramenta para melhorar a vida das pessoa

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Por Redação
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Em entrevista à Agência Efe, por ocasião da inauguração de uma exposição sobre seu lado menos conhecido, o da pintura, Brown analisou o momento que o país e a humanidade atravessam e voltou a defender que a educação é a ferramenta que pode "mudar o mundo".

Carlinhos Brown no Sarau du Brown em 2012 Foto: Tiago Lima/divulga??o

"A pessoa educada é menos violenta, sabe distinguir o que come, tem conhecimento", declarou o cantor. Para Brown, não ajuda em nada dizer que no Brasil uma pessoa só pode nascer traficante e o importante é dar apoio para que as pessoas em risco de exclusão social possam sair dessa situação. "As pessoas precisam de escolas desde o início da vida. (Falta de) educação tem relação com falta de entendimento, com fome, violência doméstica e feminicídios", argumentou. Dentro da educação, o cantor defendeu como fundamental as noções musicais. "A educação ajudou muito, principalmente pessoas mais desfavorecidas na América Latina", destacou. De acordo com Brown, a arte é ferramenta para melhorar a vida das pessoas. "Eu sou um artista e o artista tem que buscar as habilidades de expressão. A música não basta se você tem curiosidade", explicou ele sobre como entrou no mundo da pintura e cercado por uma pequena mostra das 1.000 obras que já pintou e que a partir desta segunda-feira poderão ser vistas na Fundação Telefónica, em Madri, com o título "La mirada que escucha". Filho de um pintor de parede, Brown contou que gostava de brincar com as tintas quando era criança, mas que o pai sempre quis outro futuro para ele. "Um dia, ele me levou para ver um professor de música e disse a ele que eu queria ser artista. Um pai conhece bem o filho e eu espero que ele goste dessas pinturas", comentou. Brown conheceu a música antes da arte com os pincéis, mas em uma viagem à Espanha, há 15 anos, já bastante reconhecido, visitou uma exposição no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, sobre Pablo Picasso e Joan Miró. "Fui tomado por uma força, passei por uma estátua e algo aconteceu. Nunca tinha sentido algo assim na minha vida, nem mesmo na música. Comecei a sonhar com pinturas, com telas e no meu aniversário comecei a pintar, fiquei 24 horas seguidas pintando, suando, e os meus filhos começaram a dizer que tínhamos um pintor em casa. A minha vida mudou", relembrou. "A pintura ajudou bastante. Tudo o que não brinquei antes, na minha infância, estou brincando agora com a pintura", refletiu. Embaixador ibero-americano da Cultura desde 2018, Brown disse se sentir sempre um migrante. "Somos todos migrantes, desde a Bíblia, desde aquele homem que abre o mar fugindo do faraó. Essa ideia de que o imigrante é um inimigo é uma ideia errada. Todos nós viemos de algum lugar, o braço da imigração é o braço do progresso", afirmou, ressaltando que o Brasil "não existiria sem a migração negra". "Os negros foram ao Brasil obrigados, mas foram e ajudaram a construir o país. Foi a mão de obra escrava que fez o Brasil ser o que é", finalizou. 

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