Calouros de Raul Gil são nova mina de ouro da Warner

Gravadora acaba criar o selo Luar, para abrigar os músicos revelados no programa da Record

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Por Agencia Estado
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O short e o funk das cachorras no verão passado, quem diria, cedeu lugar no gosto do povo aos vestidos longos e às canções clássicas. Entre eles, as músicas e figurinos adotados por Liriel, pseudônimo de Raquel Domiciano Pereira, 20 anos, soprano de voz "etérea". Ao lado do parceiro Rinaldo Eliseu Peixoto Viana da Silva, 22, ou simplesmente Rinaldo, Liriel é uma das representantes do mais novo fenômeno da música popular: os calouros do Raul Gil. Rendendo picos de até 25 pontos na televisão, os candidatos a músico foram alçados à categoria de nova mina de ouro também no mercado fonográfico. Tanto que amanhã, durante o programa da Record (gravado na última segunda), Sérgio Affonso, o presidente da Warner, vai ocupar o banquinho dos jurados e depois anunciar no palco a criação do selo Luar, dedicado aos talentos descobertos no programa Raul Gil. Sob aplausos do público e lágrimas emocionadas dos calouros, Affonso também vai apresentar três novas contratações: André Leono, que coleciona gritinhos agudos da platéia feminina com sua interpretação das canções de George Michael; Érika Rodrigues, fã de Celine Dion, e Leila Moreno, seguidora de Whitney Houston. Se seguirem os passos dos primeiros contratados, a Warner não terá do que se queixar. Robinson, a primeira experiência da gravadora com calouros, em seis meses está quase na marca de 1 milhão de cópias. Rinaldo & Liriel, com dois meses de carreira no mercado fonográfico, é o terceiro disco mais vendido do País no ranking desta semana. Detalhe: até o lançamento da Luar, Robinson e Rinaldo & Liriel faziam parte do cast da WEA, braço da Warner dedicado aos artistas "de elite". E colocá-los ao lado de Fred & Pedrito na Continental (o lado popular da Warner), seria mesmo um contra-senso. Está certo que todos têm a mesma origem humilde, carregam histórias de vida lacrimejantes, adotam um figurino de gosto duvidoso, um repertório que mistura pop, como We Are the World, a óperas populares, como Caruso e Tormento D´Amore, aquele tema de abertura da novela Terra Nostra. Mas as canções são entoadas em vozeirões de sopranos e tenores e na interpretação deles não tem espaço para dancinhas, "tchutchucas" ou "ordinárias". "Nunca tinha me interessado por ópera. Agora ouço sempre", diz Sérgio Affonso, presidente da Warner no Brasil. A seguir, o executivo fala sobre os planos da Luar, vislumbrada pelo novo filão, ou gênero musical, como ele prefere. Como surgiu a idéia de fazer a Luar? Affonso - Já havíamos lançado Robinson e Liriel & Rinaldo pela WEA. Mas esse selo é mais focado no rock e no pop. Como pensamos em lançar outros calouros também, decidimos ampliar a parceria e lançar um selo específico. Como nasceu a parceria da Warner com o Raul Gil? No início do ano passado, procuramos a produção para colocar nossos artistas no palco do Raul Gil. Então o Raulzinho (principal executivo da atração, filho do apresentador) lançou a idéia: "Por que vocês não gravam os nossos calouros?" E a Warner aceitou a proposta de cara? Sim. O Raul Gil conseguiu criar um espaço que teve uma identificação imediata com o público. Eu já assistia ao programa e via o talento dos candidatos, especialmente do Robinson, que tem muito carisma. Então decidimos lançá-lo. Hoje, o CD dele está na marca das 700 mil cópias vendidas e isso não nos surpreende. Se foi sucesso de audiência, as chances de boas vendas são muito grandes. Como foi a escolha de Robinson e dos novos contratados? É o Raulzinho quem decide. Ele leva em consideração a audiência que determinado candidato consegue, o apelo do público, carisma, o volume de cartas e quem está na competição há mais tempo. Mas a Warner não interfere nessas escolhas? Nós corroboramos com a escolha da produção. Eles estão no ramo dos calouros há mais tempo. E os critérios artísticos, não são avaliados? São avaliados pelo público. Como disse, todos são de altíssimo nível, têm uma bela voz, não são bregas, não têm níveis rasteiros. Basta ver o programa para sentir isso. Espera que a concorrência também aposte nesse novo filão? Não é um filão. Filão é modismo e não vejo os calouros dessa forma. Há um bom número de candidatos, cada um com seu estilo, normalmente clássico. Se a concorrência quiser lançar novos talentos, ótimo. Mas os candidatos do Raul Gil são em princípio da Luar. Quais são os planos da Luar? É um projeto ainda muito embrionário. Vamos anunciar a criação do selo neste sábado, no ar. Não temos ainda como divulgar quantos artistas serão lançados pelo selo ou o faturamento esperado. Qual seria a razão dos altos índices de Ibope e vendas de CDs de Robinson, Liriel e Rinaldo? Eles têm autenticidade, uma bela trajetória de vida e, principalmente, sabem cantar. O Robinson, por exemplo, estuda música desde os 12 anos, cantava em uma Igreja Batista no Cambuci, onde deve ter absorvido sua inspiração gospel. A Liriel, aos três anos, cantava pela casa e aos cinco ouvia Mozart e Beethoven. E o Rinaldo estudou muito tempo na Universidade Livre de Música. É uma gente talentosa e batalhadora. Contratar calouros de tevê é algo pouco comum no mercado. Como a Warner normalmente procura novos artistas? Pode parecer folclore, mas temos olheiros sim. Eles rondam shows, freqüentam bares e acabam captando novos músicos e novos ritmos. E você, qual o seu conceito sobre música boa e música ruim? Olha, tenho 35 anos no mercado fonográfico e superei a questão do gosto. Aprecio qualquer gênero musical desde que seja feito com talento e qualidade. Como tem sido a experiência como presidente de uma multinacional e jurado do Raul Gil? Pela primeira vez, sou reconhecido nas ruas. Nunca fui tão famoso (Risos.)

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