Caju e Castanha estão em show e 2 filmes

Dupla de emboladores se apresentam no Itaú, onde serão exibidos o curta recente A Saga dos Guerreiros e o média de 1975 Nordeste: Cordel, Repente, Canção

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Por Agencia Estado
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"Vamos, minha gente, afundar o Titanic/ Que ele ganhou dinheiro de tanto fazer trambique..." Castanha canta ao telefone, para o repórter, os versos iniciais da embolada que Caju e ele improvisaram diante da câmera de Walter Salles e Daniela Thomas para A Saga dos Guerreiros. O curta exibido no Festival de Cannes terá pré-estréia nesta quinta, às 20 horas, no Itaú Cultural, na abertura de uma programação dedicada à dupla de emboladores que vai até sábado. Outro filme integra o programa - o documentário Nordeste: Cordel, Repente, Canção, de Tânia Quaresma, dos anos 1970 - e os emboladores vão apresentar-se ao vivo, em espetáculos gratuitos. Como alguém se torna embolador? "Pergunte à fome", responde Castanha, bem-humorado. Foi a fome que os levou, a ele e ao irmão Caju, a apresentar-se em feiras no Nordeste. Começaram cantando os sucessos de Roberto Carlos. Tornaram-se emboladores. Com a familiaridade de quem trabalha há 30 anos com o assunto, Castanha dá uma definição que é quase aquela do dicionário Aurélio. A embolada é uma forma poético-musical, em compasso binário, que pode ser improvisada ou não. É usada pelos solistas em peças com refrão coral ou de forma dialogada, em cocos e desafios, e produziu grandes artistas, como Manezinho Araújo. Castanha sempre se apresentou com o irmão, mas ele morreu no ano passado e foi substituído por seu filho, o Cajuzinho. A identificação continua a mesma. Castanha e Caju já foram criticados por acrescentar novas referências à raiz. A embolada, de base portuguesa - nos jograis, que também originaram os cordéis -, era acompanhada só ao pandeiro. Eles incorporaram novos instrumentos à embolada. Castanha diz que não perderam a raiz por isso. Viraram referência para artistas como Lenine. Apresentados a Walter Salles, que já conhecia o trabalho deles, por um nordestino "arretado" - George Moura, redator do Linha Direta -, foram convidados a fazer o curta que satiriza a luta do cinema brasileiro contra o gigante americano que domina o mercado. Daí o título . O curta, basicamente um plano-seqüência com a câmera parada nos emboladores -, é muito simpático. Foi aplaudidíssimo em Cannes. É a sua vez de aplaudi-lo, também. Serviço Caju e Castanha. Filme quinta-feira, às 20 horas, shows sexta e sábado, às 19h30. Grátis (os ingressos devem ser retirados com 1 hora de antecedência). Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, tel. (11) 3268-1777.

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