Caçada ao Napster divide meio musical

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Por Agencia Estado
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Parece estranho que um roqueiro que canta coisas como Die Die My Darling (Morra, Morra, Minha Querida) saia por aí abordando temas como "propriedade intelectual", copyright e direitos autorais. Mas a polêmica do proíbe-não-proíbe o Napster operou milagres no mundo do show business. "Uma sociedade que não valoriza a propriedade intelectual é uma sociedade pobre, econômica e esteticamente", disse Lars Ulrich, da banda Metallica, logo após a primeira decisão da Justiça americana caracterizando como desrespeito aos direitos autorais a operação do software Napster na Internet (a empresa conseguiu reverter a situação em seguida, com uma sentença favorável). O músico Bobo (nome real: Eric Correa), da banda Cypress Hill, está em turnê com o Limp Bizkit (a Back to Basics Tour) sob patrocínio de ninguém menos que o famigerado Napster. Uma turnê de US$ 2 milhões. Ele não é tão categórico em relação ao tema. "Com toda a controvérsia, eu procurei formular meu ponto de vista sobre isso", diz Bobo. "Há razões dos dois lados, e eu creio que quando as pessoas roubam canções ainda inacabadas e as divulgam, há a violação do copyright, da privacidade, essa coisa toda", pondera. "Mas quando você lança um CD, ele se torna de domínio público, e eu acho que estão indo atrás da pessoa errada: o Napster é apenas um intermediário", alerta. "O Offspring vê a tecnologia do MP3 e programas como o Napster como vitais e necessários para promover a música e gerar melhores relações com nossos fãs", disse um comunicado da banda punk The Offspring. A questão, para as bandas que apóiam o sistema de trocas de músicas entre fãs criada por Shawn Fanning (o nome por trás do Napster) é mais abrangente: trata da liberdade e do direito de opção. Sobrevida - No Reino Unido, a banda Radiohead foi a primeira a sair em defesa do Napster no fim de semana. O baixista do grupo, Colin Greenwood, disse à BBC que é preciso abraçar as novas tecnologias e que sites como o Napster deram uma sobrevida à banda entre os fãs, tornando-a mais conhecida. Mas ressaltou que não defende o fato de alguém ganhar dinheiro nas costas da música de outras pessoas. "Eu sou um daqueles artistas que concluem que é mais justo e mais digno ceder suas músicas em formato MP3 a título de divulgação do que ficar atrelado a uma gravadora, sendo vampirizado por pífios porcentuais, sendo sonegado nos direitos autorais e, ainda, tendo a humilhante perspectiva de ter de pagar para existir no rádio", diz o cantor Lobão. Segundo Lobão, nenhum sistema tipo Napster vai exterminar o CD. "Pelo menos o bom CD", enfatiza. "Com toda a certeza, um CD que tenha bom conteúdo será sempre procurado; o que tende a terminar (e isso é muito bom) é o CD com uma ou duas músicas que prestam". Lobão disse que considera dano à propriedade intelectual saber que, no Brasil, há uma sonegação de direitos autorais por parte de rádios e televisões que chegam à ordem de US$ 180 milhões. "Isto sem contar o que se paga para ter de tocar nessas mesmas rádios que sonegam direitos autorais", afirmou, referindo-se ao "jabá", a propina cobrada para tocar determinada música numa rádio.

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