Bryan Ferry inicia turnê no Brasil

Ele mostra no Rio e em SP um pouco de seu novo disco, Frantic, em que volta a ter como colaboradores o lendário guitarrista Chris Speeding e o "mago" Brian Eno

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Por Agencia Estado
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Para um crítico inglês, trata-se do "cantor mais cool da Inglaterra". Ele também já foi chamado de perfeita combinação entre o "rock progressivo e o visual glitter". Segundo outros, é o protótipo do "cantor romântico pop". Muito já se disse para definir Bryan Ferry, mas o fato é que, independentemente de rótulos, ele está de volta ao Brasil onde se apresenta no Rio nesta quarta-feira, no ATL Hall, e em São Paulo na quinta e no sábado, no Credicard Hall, mostrando um pouco de seu novo disco, Frantic, um de seus mais variados trabalhos, em que volta a ter como colaboradores o lendário guitarrista Chris Speeding e o "mago" Brian Eno. As apresentações fazem parte da programação do Visa Sounds. "Frantic é uma espécie de retrospectiva de tudo o que fiz ao longo da carreira. Ao contrário de As Time Goes By, queria trabalhar com muitas guitarras, fazer um disco mais rock and roll, com uma sensação orgânica de banda, muita gente no estúdio tentando descobrir novas coisas", diz Ferry em entrevista. O disco traz também alguns sucessos de Bob Dylan. "Sempre gosto de incluir canções dele nos meus trabalhos, suas letras são lindas, possuem uma força incrível." A passagem pelo Brasil se encaixa em um projeto mais amplo, iniciado no ano passado, quando os integrantes do Roxy Music - banda de Ferry na década de 70 - voltaram a tocar juntos. Os shows, portanto, têm um tom nostálgico, mas "bem balanceado". Segundo Ferry, velhos sucessos vão se juntar com pedaços de seus novos trabalhos. "É uma fórmula que tem dado certo, tem despertado boas reações por parte de fãs do mundo todo." Ferry diz estar particularmente feliz em reviver os anos do Roxy Music. "Foi algo único, com uma sensação muito leve, refrescante até. Ninguém estava trabalhando na mesma área que nós, o que nos deu a possibilidade de experimentar sem, no entanto, perder de vista a composição de canções que mexessem com o público. Era uma atmosfera elétrica, excitante." Ferry não quer ser nostálgico. Mas lembrar dos movimentos dos anos 60 e 70 o faz refletir sobre a música dos dias de hoje. Critica o papel da TV, diz que o vídeo-clipe foi um erro. Defende a idéia de que, de alguma forma, no momento em que deixou o ambiente "underground", a música pop perdeu sua força, seu significado. "Há exceções, o movimento hip-hop nos Estados Unidos, por exemplo, tem produzido coisas interessantes. Mas, de modo geral, o comprometimento com a música sumiu. É fácil gravar, dá-se muita ênfase no visual, mas a música de verdade tem perdido espaço, não é mais tão importante. Não é a toa que os jovens de hoje estão tirando inspiração de Jimi Hendrix ou do Roxy Music. É esta a música que, independentemente de tempo ou geração, não perde nunca seu significado." Após o fim da turnê, Ferry vai lançar um disco ao vivo com o melhor do Roxy Music. Depois, já pensa em um novo álbum solo. Não sabe bem o perfil que ele vai ter. Diz apenas que vai tentar manter a preocupação que marcou toda a sua carreira: ir adiante, crescer de alguma forma. "É sempre difícil fazer balanços. Acho que o que busco é aumentar o alcance de meu trabalho. Flertei com a música eletrônica, Dylan, standards. Quero chegar ao dia em que eu perceba que construí algo consistente." Compositor - Ferry adianta, porém, que o novo trabalho não deve ter muitas canções suas. "Não escrevo como antes. O ritmo das turnês impede, deixa as coisas mais difíceis. O que mais posso escrever? Sinceramente,depois de tanto tempo, não sei ao certo. Com certeza, só sei que o que me interessa agora são as horas nos estúdio, trabalhando com grandes músicos, criando idéias, dando forma a elas, discutindo música. É este o tipo de trabalho que me anima." Esta é a segunda vez de Ferry no Brasil - já esteve por aqui seis anos atrás. Diz que adora o público brasileiro e sabe que não é nada original ao dizer isso. Mas garante que, no seu caso, é verdade. Adora o Rio - "indiscutivelmente, um dos lugares mais belos do mundo". Com relação a São Paulo, faz ressalvas. "Não é bonita, é verdade. Mas tem uma energia única, diferente, um sentimento extremamente especial. É algo bastante impressionante, que não sei bem como poderia definir." Serviço - Bryan Ferry. Quinta-feira(13), às 21h30;e sábado, às 22 horas. De R$ 50,00 a R$ 300,00. Clientes Visa têm 15% de desconto no valor do ingresso. Credicard Hall. Av. das Nações Unidas, 17.955, São Paulo, tel. 6846-6000.

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