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Brendan Boyd, vocalista do Incubus, fala do show que a banda fará no sábado em São Paulo

Vocalista também se dedicaà pintura e à ecologia

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Há um clube dentro do clube dos roqueiros que é mais restrito e colorido: o dos músicos pintores. Estão nessa Ron Wood, dos Rolling Stones; a ex-baixista dos Pixies, Kim Deal; a baixista do Sonic Youth, Kim Gordon; Pete Doherty, dos Libertines; Bob Dylan, que tem feito exposições; o performático Marilyn Manson, que faz aquarelas; e até o crooner Tony Bennett.

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Entre os novíssimos integrantes desse clubinho, um dos mais destacados é Brendan Boyd, vocalista do Incubus, que se apresenta neste sábado no Summer Break Festival, no Campo de Marte – numa jornada que tem ainda Soja, Dave Matthews Band, O Rappa e Nem Liminha Ouviu. Boyd, que é também militante ambientalista e já esteve no Brasil como turista (para surfar em Florianópolis), tem até galerista na Califórnia e, dizem, boa saída de mercado.

"Eu já pintava muito antes de fazer música. Pensei em viver da pintura antes, mas aí veioa música e eu tive de parar inclusive de estudar. Mas meu sonho é me expressar por meio da pintura”, contou ao Estado, em entrevista por telefone, um solícito Boyd, que, embora professe um surrealismo figurativo, não admite uma influência específica como pintor.

Com o Incubus, no entanto, ele não conseguiria jamais negar a maior influência: surgiu nos anos 90 fortemente inspirado pelo Red Hot Chili Peppers, fazendo aquele tipo de funk metal misturado com hip-hop e rock alternativo. A última vez que esteve aqui com seu grupo, para a primeira edição do festival SWU, ele tocou na mesma noite que Queens of Stone Age e Pixies. “Foi uma coisa louca, de repente a gente estava no meio de lugar nenhum”, lembra.

Em 2007, Boyd viera pela primeira vez ao Brasil para um show no Citibank Hall. Na época, já era um roqueiro “cabeça”, e estava lançando o livro de arte From the Murks of the Sultry Abyss, com desenhos, pinturas, fotos – e cujo título era uma citação a um texto de psicanálise de Carl Jung. “Entendo a psicologia como uma necessidade humana básica, e minha forma de dedicar-me à arte tem a ver com o princípio psicológico de aprender mais sobre meu comportamento. Implica observar a cultura, as pessoas em volta. Gosto de Jung porque ele pôs certas coisas em termos não puramente científicos, mas humanos. Não é uma interpretação robótica, fundada em teorias. E é bastante poético o seu texto”, afirmou.

Os shows de retorno terão, além de Boyd (vocal), Michael Einziger (guitarra), Jose Pasillas (bateria), Ben Kenney (baixo) e Chris Kilmore (DJ e piano). Desde 2010, o grupo não tem nenhum disco novo, mas Boyd tem um álbum solo recentíssimo, Sons of the Sea (produzido pelo famoso Brendan O’Brian, que trabalhou com Pearl Jam, the Killers, Soundgarden). Um disco cuja pegada foi comparada ao Maroon 5, coisa com a qual Boyd não concorda.

“Não conheço muito Maroon 5, mas é de fato um sentimento mais próximo do pop. Não quis fazer um disco que não me representasse, e cresci com a música pop, ouvindo os discos que meus pais ouviam: Harry Nilsson, Beatles, Beach Boys. É um disco verdadeiro e íntegro”, ponderou.

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“Após fazer discos com um grupo de caras pela maior parte da minha vida, tempo no qual eu fui a muitos lugares, alcancei locais muito distantes, fiquei pensando o que minha voz criativa poderia fazer sozinha, em um diferente ambiente”, explicou. “Foi um tipo de teste. Não tenho músicos no projeto, Brendan toca tudo praticamente sozinho, guitarra, piano e baixo. Todos no Incubus são incríveis músicos, muito virtuosos. Mas eu não sabia dizer que tipo de músico eu era. Em geral, na banda, sou mais o compositor, o letrista, o cantor. Foi com o disco solo que comecei a conhecer a mim mesmo, a buscar minha verdade individual”.

Mas o Incubus é a matriz, então Boyd voltou ao ninho para essa turnê, que marca 22 anos do grupo e passa ainda por Argentina, Peru, México e Colômbia. Para o músico, é ainda um som que está em formação, difícil de definir. “Acho que é um tipo de música pós-punk, com influência do hardcore. Não sou preconceituoso. Acho fascinante ver como a música se desenvolve como linguagem. O mundo do rock é assim, cheio de subdivisões. Eu não entendo direito o que significa emo, mas sei de onde vem aquela música, consigo saber qual é sua origem. Há de fato muitos artistas comerciais entre aqueles identificados como emo, mas há outros que fazem bem o que sabem fazer. Transcendem o rótulo. Nós mesmos, quando começamos, fomos rotulados como post-metal, e nunca ficamos satisfeitos com isso.”

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