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Braguinha é enterrado no Rio ao som de suas composições

Carinhoso e Touradas em Madri foram alguma das canções lembradas

Por Agencia Estado
Atualização:

O compositor Braguinha foi enterrado nesta segunda-feira, tarde de Natal, ao som de algumas de suas composições mais célebres: Carinhoso, Chiquita bacana e Touradas em Madri. Ele foi sepultado no mausoléu da família, no cemitério São João Batista, no Rio, a três meses de seu centenário. As comemorações serão mantidas, conforme disse o sambista Martinho da Vila, presente à despedida. Junto ao caixão, que havia sido velado durante todo o dia no Palácio Pedro Ernesto, onde funciona a Câmara dos Vereadores do Rio, estava a viúva, dona Astréa, com quem ele foi casado por 68 anos. Levada numa cadeira de rodas, ela foi amparada pela filha única, Maria Cecília, por netos e bisnetos. No momento do sepultamento, os presentes, familiares e admiradores, se uniram numa salva de palmas. Martinho da Vila contou que, na semana passada, esteve com o compositor para tratar dos festejos pelos cem anos - que seriam completados em 29 de março de 2007. "Vamos continuar mesmo sem Braguinha, numa homenagem. Ele seria o primeiro compositor brasileiro a atingir o centenário", disse Martinho. Braguinha morreu no domingo, de infecção generalizada. Realizado no dia do Natal, o velório de Braguinha não atraiu muita gente. Além de familiares, poucos fãs e personalidades passaram pelo Palácio Pedro Ernesto, em cujo salão de entrada foi colocado o caixão. Durante todo o dia, quem esteve por lá relembrou seus versos e melodias, cantarolados em uníssono. A cara do Rio O governador eleito do Rio, Sergio Cabral Filho, foi com o pai, o jornalista e pesquisador musical Sergio Cabral, cumprimentar a família. Os dois destacaram a identidade do compositor - carioca nascido na zona sul e criado na zona norte - com a cidade. "Braguinha é a cara do Rio", lembrou o pesquisador. O prefeito Cesar Maia também esteve no velório, depois de deixar flores na estátua do artista, na praia de Copacabana (erguida em alusão à sua música Copacabana, parceria com Alberto Ribeiro lançada em 1946). "Ele era um compositor completo". Emocionada, a filha de Braguinha lembrou os bons momentos proporcionados por ele à família e ao público. "Ele me deu muita alegria, nunca me deu uma tristeza. Foi um homem da família, que viveu para minha mãe e para mim. E também alegrou a vida da povo." Flamboyant O neto Carlos Alberto Braga disse que pediu ao prefeito que seja plantado um flamboyant junto à estátua, em Copacabana, uma forma de atender ao pedido que o avô fez em Velho Flamboyant: "Quando eu morrer/ não esqueçam de plantar / um flamboyant perto à terra/ à terra em que descansar". A letra da música foi colocada perto do caixão, durante o velório, junto a um cartaz feito pelos bisnetos de Braguinha, com fotos e mensagens de carinho. O caixão foi levado num carro do corpo de bombeiros até o cemitério. Ainda na noite de sábado, quando chegou à Câmara, o caixão foi coberto com a bandeira da Mangueira, escola de samba que homenageou o compositor com um belo enredo, em 1984 - que levou a agremiação ao título de campeã do carnaval. Para 2007, a escola mirim Mangueira do Amanhã planeja reeditar o tema; agora, sem a presença do homenageado.

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