Bocelli lança novo CD de canções românticas

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Por Agencia Estado
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A fórmula deu certo em Romanza e Sogno (que vendeu, só no Brasil, 1 milhão de discos) e o tenor Andrea Bocelli retoma-a em Cieli di Toscana, seu mais novo disco que acaba de ser lançado no Brasil pela Universal, no qual ele, após um tempo dedicado à ópera, interpreta uma seleção de canções românticas. "A música pop tem a qualidade de possuir emoções fortes que conseguem atingir uma enorme audiência. Sendo assim, o pop deve ser conduzido do coração para a voz." Assim Bocelli explica sua ligação com esse repertório que, no entanto, não o tem poupado de ser alvo de duras críticas. Cieli di Toscana reúne canções de compositores com os quais Bocelli já trabalhou, como Francesco Sartori - autor de Time to Say Goodbye, que ele gravou com Sarah Brightman - que assina a canção L´Incontro (baseada em um poema - que é lido na introdução por Bono, do U2 - escrito pelo próprio Bocelli). Da mesma forma, o disco traz músicas de Celso Vialli, que trabalha freqüentemente com Eros Ramazotti e Laura Pausini. Há, ainda, em uma das faixas, uma referência direta ao compositor Mascagni, autor da ópera Cavalleria Rusticana, com trechos da ópera arranjados por Luigino Biagioni e Paolo Marioni. "Dentre as canções que a gravadora me apresenta, faço uma seleção daquelas que mais me tocam, com as quais mais me identifico musicalmente", explica Bocelli. A primeira aparição de Bocelli em um grande evento do mundo da música ocorreu em 1994, quando se apresentou em Modena ao lado de Luciano Pavarotti. A ela se seguiu o lançamento de Romanza, disco de 1995 no qual ele já mostrava preferência pelo repertório romântico, confirmada em Sogno, disco de quatro anos mais tarde, no qual ele acredita "ter tentado desenvolver um novo estilo de canto, resultado de toda a pesquisa feita para Romanza". A afirmação acima foi feita quando ele esteve no Brasil, em 1999, divulgando Sogno. Na mesma ocasião, ele justificou a escolha em não fazer apresentações no País, por acreditar que isso atrapalharia seu estudo do repertório operístico. Naquela época, ele já havia lançado um disco com árias de óperas italianas e francesas. E, em novembro daquele ano, apresentou-se como Werther na Ópera de Detroit, recebendo duras críticas de alguns especialistas norte-americanos que, questionando sua técnica e respiração, afirmaram que, sem o microfone, Bocelli era incapaz de projetar sua voz. A resposta de Bocelli apareceu um ano mais tarde, quando ele lançou a gravação da ópera La Bohème, ao lado da soprano Barbara Fritoli, e caracterizou o mundo da ópera como um "ninho de víboras que se mordem umas às outras". O tenor julgava-se vítima de preconceitos por suas incursões pela música popular. Para ele, no entanto, a ópera e o repertório de canções populares são universos bastante distintos, duas carreiras separadas dentro de sua trajetória profissional. "Desde a época de Caruso, grandes cantores faziam incursões pelo repertório popular. O problema não é esse, mas, sim, saber separar uma coisa da outra, sem querer juntá-las à força, o que é muito perigoso." Bocelli fala de uma nova linguagem, um estilo próprio para cada repertório, conceito que ele acredita estar amadurecendo a cada novo trabalho. Após lançar no fim do ano passado um disco com peças sacras ("Uma influência em minha vida desde pequeno"), Bocelli envolveu-se em 2001 com dois projetos relacionados a Giuseppe Verdi, morto há cem anos: gravou um disco com árias do compositor, com a Filarmônica de Israel e Zubin Mehta, e participou do registro do Réquiem dirigido por Valery Gergiev. "Verdi é o gigante da ópera italiana e quero ficar a seu lado quanto eu puder." Apesar das críticas, ele não quer se distanciar da ópera. "Amo a ópera e quero deixar o maior número de registros possíveis das obras que mais me tocam. Da mesma forma, acho que é função dos cantores fazer o melhor para mostrar que a ópera não é uma linguagem morta, mas, sim, um de nossos melhores idiomas."

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