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Bobby McFerrin volta a fazer turnê após pausa

Cantor, conhecido principalmente pelo hit Don´t Worry, Be Happy, lançado em 1988, programa shows nos Estados Unidos e em vários países da Europa

Por Agencia Estado
Atualização:

O cantor Bobby McFerrin confessa que não consegue mais saltar no palco como fazia antigamente, mas sua capacidade de espantar platéias improvisando em quatro oitavas, apoiado na sua formação em jazz e música erudita, não mudou. Depois de 18 meses afastado dos palcos, o cantor americano, conhecido principalmente por seu sucesso de 1988 Don´t Worry, Be Happy, acaba de começar uma turnê por Estados Unidos e Europa. Em entrevista à Reuters, enquanto usava compressa quente para aliviar uma dor nas costas, com uma Bíblia aberta numa mesinha a seu lado, McFerrin, de 56 anos, falou de sua carreira e da arte de improvisar. Reuters: Sua Bíblia está aberta na página um de Gênesis. Você está recomeçando? Bobby McFerrin: Eu poderia dizer que sim. Leio a Bíblia todos os dias. Começo e termino meu dia com ela. Você parece não querer ser aquele sujeito que vive nas manchetes dos jornais, apesar de todo o seu sucesso. O que me interessa mais é trabalhar e conseguir a longevidade. Me sinto grato por ter trabalho constantemente. O resto (a fama) não é algo que me diz muito. Se acontece, não é intencional. Por exemplo, Don´t Worry, Be Happy não foi intencional. Eu não me propus a compor uma coisa que pensei que pudesse virar sucesso. Meu foco de atenção nunca foi sobre isso, sempre foi a música. Você poderia ter aproveitado esse sucesso comercialmente? O interessante é que no início de minha carreira eu não parava de ouvir isso. As gravadoras me diziam o tempo todo: "Faça o que nós queremos primeiro, consiga uma renda, e então você poderá fazer o que você quer." Mas isso é bobagem, não acredito nisso. Sempre pensei em fazer o que eu quero; o dinheiro não virá obrigatoriamente, mas terei algum sucesso, e terei integridade musical. Quando você improvisa, você tem uma coleção de milhares de coisinhas em sua cabeça que você então junta para formar uma coisa só, ou você acha que as idéias saem do nada? Elas devem vir de algum lugar. Gosto de pensar que elas saem do nada, porque não penso no que vou fazer quando subir ao palco. Não carrego idéias comigo. Mas devo me basear nas coisas que já ouvi. À medida que você envelhece, vai ficando mais difícil ter a mesmo energia que você tem quando se apresenta? Sim, há coisas que eu fazia e que não faço mais. Antigamente eu dava alguns saltos incríveis depois de uma música, chutava meus pés no ar. Não consigo mais fazer isso. Não tenho mais a mesma energia que eu tinha. Quando comecei a fazer apresentações solo, eu tinha 30 ou 31 anos. Vou completar 57 em março. Acabo de sair de um período de férias sabáticas. Meu primeiro trabalho depois disso foi um de regente, e dei mau jeito nas costas. Nos meses que passou afastado, você estava descansando ou gravando? Passei esse tempo sentado na varanda de frente de minha casa e levando meus cachorros para passear todos os dias. Vivemos no campo na Pensilvânia, em Filadélfia. Passei o tempo lendo, compondo alguma coisa, levando minha filha à escola, buscando - a dos treinos de basquete. Aprendendo a trabalhar no computador. Em 2002 você disse que achava que já tinha feito tudo o que podia como cantor solo. Você ainda tem essa opinião? Não. Na época, eu pensava assim. Achava que não poderia levar esse trabalho mais adiante. Agora eu sinto que poderia ir mais fundo, poderia experimentar algumas coisas diferentes. Acho que já fui tão longe quanto posso, em termos de técnica. Acho que minha técnica está bem completa. Mas, com relação aos lugares sonoros para onde vou, estou certo de que existe mais para explorar.

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