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Björk sobrevive à superexposição e lança novo CD

Desde o sucesso como atriz, cantora não sai da mídia. Mas com seu novo CD, o autoral e delicado Vespertine, prova que não é artista de um truque só

Por Agencia Estado
Atualização:

Com seu novo disco, Björk volta para onde sempre quis estar: a música. Mas agora com a pressão de ter o mundo todo olhando. Esta é a impressão que produz Vespertine, que recém-chegado ao mercado internacional. A estrela que ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival Internacional de Cinema de Cannes, por sua atuação em Dançando no Escuro, e concorreu ao Oscar de melhor canção por I´ve Seen It All, quer deixar claro que nada disso está afetando sua música - e continua mergulhando em uma viagem pessoal cheia de identidade própria, uma sonoridade que não foi feita para virar produto de massa. Björk, mais do que nunca, quer desafiar. É preciso atenção para compreender a dimensão das faixas de Vespertine, um "folheado" de delicadas sonoridades que servem como base para os inconfundíveis vocais da cantora. Se ela conseguiu misturar os beats programados com as belas orquestrações de Eumir Deodato em discos como Telegram e Homogenic, desta vez ela prova que não é uma artista de um truque só ao incluir arranjos de harpas, caixas de música e corais de vozes femininas. Tudo isso sobre uma base de samples de sons tirados de bandejas de gelo e outros objetos domésticos (a maior parte do disco foi gravado no loft da cantora em Nova York). Depois de ter produzido três álbuns bem distintos entre si, mas igualmente intensos, e a trilha sonora para um filme tão peculiar quanto Dançando no Escuro, Björk também prova que é mestre em criar humores diferentes para cada faixa. Mais do que produzir músicas, ela parece apresentar trechos de sinfonias para diferentes cenários e situações - algumas mais marcantes, outras intencionalmente mais introspectivas. Vespertine é a prova de que ela pode ter passado pela exposição dos últimos anos sem ter de tomar partido no pop. A cantora continua com seu espaço único e deve, cada vez mais, atingir apenas os interessados em suas pesquisas musicais.

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