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Billy Corgan está de volta com nova banda

Superado o fim do Smashing Pumpkins, seu ex-líder lança esta semana nos Estados Unidos Mary Star of the Sea, o primeiro disco de seu novo grupo, o Zwan

Por Agencia Estado
Atualização:

Billy Corgan está de volta para pregar seu novo evangelho. O ex-líder do Smashing Pumpkins lança esta semana nos Estados Unidos o primeiro disco de seu novo projeto, Zwan. Batizado de Mary Star of the Sea, o trabalho mostra que a sonoridade da antiga banda ficou para trás, mas o espírito messiânico do músico não mudou muito. Ainda assim, o grupo tem chances de ganhar seu espaço em um mercado faminto por boas misturas de rock e pop. O Zwan começou a criar vida poucos meses depois da agonizante morte do Smashing Pumpkins (Corgan manteve a banda viva "artificialmente", mesmo depois da saída de todos os membros, por meio de uma longa temporada de lançamentos de raridades e outros refugos). O primeiro convidado para integrar o novo trabalho, ironicamente, foi o baterista Jimmy Chamberlin. Ele havia sido expulso do Smashing Pumpkins em 1996 porque passou a noite usando heroína junto com um tecladista que morreu de overdose na véspera do maior show da carreira do grupo, no Madison Square Garden, em Nova York. A nova banda ganhou também as participações do ex-guitarrista do Chavez, Matt Sweeney, e do conterrâneo de Corgan Dave Pajo, ex-integrante do Tortoise (banda de Chicago que acompanhou Tom Zé em uma de suas turnês americanas). A diferença veio mesmo com a entrada da baixista e cellista Paz Lenchantin, que, a exemplo de Sweeney, também alterna vocais com Corgan. A presença de três guitarras e vocais mais consistentes já faz uma boa diferença para quem não quer apenas ressuscitar a banda dos anos 90. A própria imagem do Zwan, psicodélica e colorida, destoa de todas as referências góticas e sombrias que marcaram a carreira dos Pumpkins. A sonoridade tem o frescor que o grupo havia perdido logo depois do estouro de Mellon Collie and the Infinite Sadness. O problema é que Corgan continua com um pé naquele universo. Nos créditos do álbum ele aparece creditado como Billy Burke, que é o nome de um famoso evangelista americano baseado na Flórida. A fixação com o tema é levada ao extremo na última faixa do disco, "Jesus, I/ Mary Star of the Sea", que tem nada menos que 14 minutos de duração. O problema é que versos como "Jesus, Eu peguei a minha cruz/Para seguir a Ti", em época de George W. Bush e Creed, não carregam mais nenhuma ironia. E solos intermináveis de guitarra também não dizem muito se o contexto não tem consistência. Mas Mary Star of the Sea tem momentos mais leves e bem mais pop. O primeiro single, Honestly, é uma canção de amor leve (para os padrões do músico), enquanto Settle Down serve para matar as saudades do primeiro "grande" disco dos Pumpkins, Siamese Dreams, de 1993. Para quem também sentiu falta das baladas doídas de Corgan, Of a Broken Heart e Heartsong devem servir - até porque o músico admite na última que usa "as mesmas palavras para dizer as mesmas coisas". Hmmm. Não, o Zwan não é a banda que vai salvar o rock. Mas saber que finalmente o pop está livre da caricatura que virou o Smashing Pumpkins em seus últimos minutos de vida já serve de motivo para comemorar. E assim, Corgan deixa o que foi uma das grandes bandas dos anos 90 descansar em paz.

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