Beth Carvalho segue festejando o samba

Com 60 anos, 40 dedicados à carreira, sambista dá continuidade às comemorações iniciadas em 2004 se apresentando no Citibank Hall

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

De seus 60 anos, completados em maio, a cantora Beth Carvalho dedica mais de 40 ao samba. No fim de 2004, ela lançou um projeto festivo, A Madrinha do Samba, que incluía CD, DVD e repertório com seus grandes sucessos. O show que a cantora apresenta hoje e amanhã, Beth Carvalho Festeja os 60, dá continuidade a esse espírito de comemorações, interpretando As Rosas não Falam, de Cartola, e Folhas Secas, Nelson Cavaquinho (seus dois compositores preferidos), Coisinha do Pai, de Jorge Aragão, Andança, de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, entre outras. "Desta vez, vou cantar também Nada Além, de Mario Lago e Custódio Mesquita", antecipa. "Para o show, convidei Nicola Krassik, um francês no samba, que é mais brasileiro que muito brasileiro. Ele participou do DVD e é muito bom violinista. Outro convidado é o cantor Diogo Nogueira, filho de João Nogueira." No samba, Beth faz a conhecida linha militante: gosta de conhecer e revelar compositores. Sua casa vive apinhada de gravações, enviadas por gente de toda parte do Brasil, para a madrinha ouvir. Gente que, como ela, adora fazer samba e torce para que a sua canção caia nas graças dela e seja gravada em um de seus discos. Entrou no repertório de Beth, é batata: caiu na boca do povo. Assim foi com canções como Vou Festejar e Coisinha do Pai, ambas de Aragão. Por dar atenção aos outros compositores é que Beth nunca teve tempo de se dedicar à própria carreira de compositora. Consegue contar nos dedos quantas canções já fez, algo em torno de seis ou sete. "Sou uma compositora meteórica. Não tenho tempo para fazer música e não sou frustrada por causa disso. Tenho muitos compositores em volta de mim. Vou lançando gente na base da paixão", observa a mangueirense, que carrega o título de cantora que mais gravou compositores portelenses. "Fico satisfeita com esse meu lado de intérprete." Como cantora, Beth diz ter tido várias referências, entre elas, Nora Ney, Elizeth Cardoso, Silvinha Telles, mas nunca imitou nenhuma delas. "Minha voz não parece com a de ninguém. Sou uma mistura de muitas cantoras. De cantoras mais cool, que têm uma forma de cantar mais moderna. Nada contra Dalva de Oliveira ou Ângela Maria, adoro ambas, mas essa forma de cantar não é minha praia." Apesar de ter começado cantando bossa nova - seu primeiro compacto simples, de 65, trazia a música Por Quem Morreu de Amor, de Menescal e Bôscoli -, o samba sempre fez parte de seu cotidiano, desde que se conhece por gente. "Bossa nova também é samba, só que mais sofisticado." Mas o primeiro samba que gravou mesmo foi Só Quero Ver, de Paulinho Tapajós e Edmundo Souto. Quando era criança, ela lembra que passava o dia ouvindo a Rádio Nacional, que trazia suas cantoras prediletas, como Elizeth e Nora, interpretando sambas. "Eu e minha irmã disputávamos para ver quem aprendia mais sambas. Anotávamos num caderninho. Assim, adquiri uma cultura imensa de carnaval." Ainda para este ano, a madrinha tem engatilhado outros projetos, entre eles, o lançamento do DVD de seu recente show no Festival de Montreux e de outro espetáculo gravado no Teatro Municipal do Rio, que reuniu a nata do samba, além de um programa de TV. Já o documentário sobre a sua carreira deve sair no ano que vem. Beth Carvalho. Citibank Hall (1.600 lug.). Avenida dos Jamaris, 213, 6846-6040. Hoje e amanhã, 22 h. R$ 40 a R$ 70.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.