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Ben Harper faz megaturnê e passa férias no Brasil

Ele traz a prancha de surfe na bagagem e quer andar de moto pelo litoral

Por Agencia Estado
Atualização:

Ben Harper, protagonista da primeira megaturnê de 2007, chega ao Brasil em alguns dias com sua prancha de surfe na bagagem. "Quero muito ir para a água", disse numa conferência por telefone para meia dúzia de jornalistas brasileiros a partir de Los Angeles, onde Vive, na quarta-feira. Está cheio de planos: pretende ficar de folga por aqui, quer andar de motocicleta pelo litoral e mandou recado aos admiradores no Brasil. "Queria agradecer aos fãs. Viajei o mundo todo nos últimos 10 anos e, em cada cidade que vou, há pessoas do Brasil, há uma bandeira do Brasil na platéia. Em Portugal, Espanha, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia. É maravilhoso. Agradeço por isso", disse o cantor, que toca no Via Funchal nos dias 22 e 23, com abertura do surf boy Donavon Frankenreiter. O primeiro verso da primeira música do disco mais recente de Harper, Both Sides of the Gun, diz o seguinte: "Viver nesses dias me deixa nervoso." Mas ele garante que não anda com o medo nos calcanhares. "Política é algo que me deixa realmente nervoso", afirmou. "É uma instituição esquisita, assim como o grande negócio. A Coca-Cola ganha milhões em muitos países, mas o que dá de volta à comunidade? Se você dá, motiva outra pessoa também a dar", afirmou. Mais cool do planeta Engajado, mas não a ponto de se tornar segregacionista, Ben Harper diz que sua filosofia de vida é tentar "viver em cores, não em branco-e-preto". Também refuta as armadilhas da fama. Alguma revista o elegeu "o cara mais cool do planeta", mas ele não leva a sério, diz que Johnny Depp sim é que é cool. "Então, por que elegeram você o mais cool?", retruca o repórter. "Porque eu fiz um bom trabalho enganando-os", brinca. O músico que Ben anda ouvindo com mais freqüência, além de John Coltrane, é o anglo-italiano Piers Faccini, que fundou o grupo de spoken words inglês Charley Marlowe. Harper demonstrou grande entusiasmo com Faccini. Mas ele também anda ouvindo o hard rock retrô do Wolfmother e o velho reggaeman Burning Spear. James Brown Harper comentou a morte de James Brown, no Natal passado "É o mais influente músico da história da música popular", afirmou peremptoriamente, acrescentando que a influência do padrinho do Soul é até maior do que a dos Beatles. O músico também falou sobre a paixão que tem pelo slide guitar (aquele jeito de tocar a guitarra no colo). "É mais forte que eu, gosto de tocar diferente. É como se a música estivesse me comandando." Julga-se em boa companhia, citando músicos que aprecia que tocam ou tocaram da mesma forma: Ry Cooder, Robert Johnson, Blind Willie Johnson, Bonnie Raitt, Dwayne Allman (dos Allman Brothers). Nata da surf music O guitarrista falou de suas amizades com a nata da surf music californiana - Jack Johnson, Donavon Frankenreiter e Matt Costa ("Grandes músicos, grandes compositores, grandes surfistas") - e da turnê do ano passado, aberta nos Estados Unidos por Damian Marley. "A música de Bob Marley é a melhor música já feita", afirmou, dizendo que acabou por tornar-se fã também da música do caçula do clã Marley, Damian. Apesar de professar certa propensão para o rastafarianismo, e de ter feito uma música na qual celebra Jah, ele não se diz religioso. "Tento separar o gospel da religião. Religião é o tipo de coisa da qual você deve se manter afastado. Tem muitas palavras, muito texto. Comunicação é a minha religião". Do Brasil, aonde esteve pela última vez há 9 anos, ele tem as seguintes lembranças: crianças muito pequenas trabalhando nas ruas, a beleza do Corcovado, a capoeira, o berimbau, o cavaquinho. O que ele promete para sua turnê brasileira? "Tocar. Tocar melhor e a mais excitante música. Dar o melhor de mim para meus fãs", afirmou. Há um novo trabalho em gestação, e ele diz que tudo que pode adiantar é que não haverá convidados especiais "Só eu e minha banda." Furacão Katrina O disco duplo "Both Sides of the Gun" aborda sentimentos que Harper teve ao ver a cidade de New Orleans devastada pelo furacão Katrina, tragédia que poderia ter sido evitada pelo poder público. Ele não acredita que esse tipo de visão política possa mudar no futuro - na verdade, pensa que tudo pode piorar. "A repercussão psicológica de uma tragédia daquela magnitude não pode ser saudável." Ben Harper inicia sua turnê pelo País dia 18, em Porto Alegre. Depois, passa por Florianópolis, dia 20; depois de São Paulo, Rio, dia 25. Finalmente, vai a Salvador, onde toca dia 27 último dia do Festival de Verão. Dali em diante, férias. Harper não é bobo: sabe perfeitamente que Salvador é a idade com maior população negra do Hemisfério Sul depois de Nova York, e conhece sua fama de caldeirão cultural. Foi ele mesmo quem escolheu inclui-la na turnê, e é dali que parte para um corpo a corpo com o litoral brasileiro. Se você achar que o cara que está surfando na sua praia é muitíssimo parecido com o Ben Harper, atenção: pode ser ele mesmo.

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