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Belô Velloso ganha força de compositora

Em Pegue ou Largue, seu quinto CD, a cantora explora seu talento na composição, que vinha desenvolvendo discretamente em trabalhos anteiores

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de 15 anos de estrada, a cantora e compositora Belô Velloso alegra-se por ter atingido uma fase da carreira em que não é mais reconhecida apenas como a sobrinha de Caetano Veloso e Maria Bethânia. "Agora, sou conhecida como Belô Velloso", ressalta ela, mesmo que seu nome continue sendo, inevitavelmente, ligado à respeitadíssima dupla de tios. Ela não se importa, até se orgulha. As inseguranças ficaram para trás, com o amadurecimento pessoal e profissional. "Estou mais tranqüila, menos ansiosa. Mais feliz com minha carreira e plena como cantora e compositora", diz ela. Em seu quinto e novo CD, Pegue ou Largue, Belô escancara sua faceta de compositora, que vinha desenvolvendo, discretamente, desde o segundo trabalho, Um Segundo. E começou despretensiosamente, numa parceria não planejada com Caetano. Naquela ocasião, ele havia feito uma canção para o trabalho da sobrinha, mas não encontrava tempo para colocar letra. Belô ouviu a melodia e, automaticamente, a composição veio à cabeça. E teve a aprovação de Caetano. No álbum seguinte, MaRés, ela iniciou uma parceria com Ana Flávia, que se estenderia até este Pegue ou Largue. A identificação de ambas pelas mais variadas vertentes musicais contribuiu para isso. O resultado está nas melódicas Rio de Portas Pro Mar, Areia Santa e Entre o Fogo e a Luz. Ana Flávia aparece ainda nos créditos da música Reencontro (que ganhou um bônus remixado na última faixa do CD), com Sérgio Murilo e Ivan Miziara. Com o amigo Carlinhos Brown, Belô Velloso assina o xote Inflamável e Lua de Brown, numa evidente homenagem ao parceiro. "Gosto dele há muitos anos, desde que ele era só músico, antes de ser artista-solo. Com Carlinhos, não parece que se está trabalhando, mas sim numa festa", derrete-se ela. "Adoro o jeito com que ele lida com a vida e a música." Outro mérito deste trabalho é a canção composta por Adriana Calcanhotto, que dá nome ao CD. A composição leva a marca de Adriana, com toda sua carga melancólica e emotiva. A força do título Pegue ou Largue chamou a atenção de Belô Velloso, a ponto de fazê-la batizar seu quinto álbum com ele. "A Adriana me deu essa música de presente, ela compõe maravilhosamente bem e tem uma personalidade marcante", comenta. "E ela é bem assim: pegue ou largue. Eu também estou assim, imperativa." Belô, que já cantou muito Adriana Calcanhotto e ganhou uma composição da própria, tem agora o desejo de compor uma música em parceria com ela. Pegue ou Largue traz também uma parceria "virtual" - que contou com auxílio de telefone e internet - de Belô com a americana Janis Ian, na canção I´ve Always Told My Heart. Janis enviou a melodia e Belô ficou responsável pela letra. "Primeiro, escrevi em português e passei para o inglês, para dar sensação de música folk, pela qual tenho paixão." Já em Madrugada, de Marcelo Quintanilha, ela compartilha os vocais com a cantora Vania Abreu. No repertório, tem destaque ainda duas releituras, uma de Mãe, de Caetano, e outra de Sereia, de Lulu Santos e Nelson Motta. Esta última, consagrada na voz de Lulu Santos, abandonou o tom originalmente pop melódico e ganhou uma levada mais bossa na voz de Belô. É o que ela gosta: de transitar pelos diferentes gêneros musicais e não ser estigmatizada por um só estilo. "Minha personalidade musical, hoje, é tropicalista-tribalista. Tenho a sensação que a gente que faz MPB, faz tanta coisa diferente. É nessa MPB que eu acredito."

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