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Belle & Sebastian cantam Marx e Engels

"Não há nada de ideológico na canção. A idéia partiu sim da leitura do Manifesto Comunista, mas o enfoque é totalmente poético e bem-humorado", disse o baterista Richard Colburn o baterista Richard Colburn

Por Agencia Estado
Atualização:

Responsável pelas baquetas contidas do Belle & Sebastian, o baterista Richard Colburn não esconde a surpresa ao saber que os ingressos do Main Stage paulistano desapareceram em dois dias. E que sua banda é a grande responsável pela compra em massa tanto no Rio quanto em São Paulo. O soud out tem promovido um verdadeiro bode coletivo naqueles que não conseguiram garantir seus bilhetes. Um movimento silencioso de sonhos despedaçados que tomou corpo virtual na Internet, os chamados "sem ingresso". E não são poucos. "É uma pena. Tomara que os ´sem ingresso´ consigam alguma coisa", diz o músico de sua casa, em Glasgow. Comoção feito essa é fato recorrente na história da banda escocesa. Os fãs os têm em tamanha conta que, não raro, descambam para o culto deliberado. É claro que isso rende situações cômicas, como a choradeira à beira dos palcos, o pagamento de até US$ 400 pelo primeiro disco, Tigermilk (1996), à época com tiragem esgotada ou a voracidade com que avançam no site www.fineran.demon.co.uk. A página vai fundo na hermenêutica e estuda os signos obscuros das letras das canções tristinhas do grupo. Estão lá verdadeiros fundamentos de tese que trata das conexões do octeto com escritores, cineastas e músicos. "Conheço o site e muitas vezes ele me ajuda a entender melhor as letras", diverte-se. "De qualquer forma, me sinto lisonjeado com o interesse das pessoas pelo trabalho da banda." Como alertou a imprensa musical britânica, trata-se de um fenômeno não visto desde a reverência a Morrissey e companhia nos anos 80. Nessa toada, várias publicações européias estamparam em suas manchetes que o grupo da Escócia era o novo The Smiths. "Eu não diria isso, nem mesmo conheci o culto aos Smiths", despista ele. Mas e o recente show em que vocês tocaram The Boy with the Thorn in His Side com um fã nos vocais? "Isso foi uma brincadeira do Stuart (Murdoch), ele perguntou à platéia se alguém sabia cantar e um cara subiu e mandou a letra direitinho. Virou um karaokê. Fizemos também versões das Shangri-Las e de Sly and Family Stone para homenagear São Francisco." Com isso, os que conseguiram os ingressos poderão ouvir uma homenagem sebastiana ao Brasil. "Só não posso dizer qual é ainda, estamos escolhendo a música e o artista." O baterista conta também que os shows no País serão uma prévia do que os fãs vão ouvir no novo single, I´m Waking Up To Us, que a Trama lança por aqui no dia 29 de novembro. O single tem três faixas, I´m Waking Up To Us, I Love My Car e Marx and Engels. Marx and Engels? É uma canção ideológica? "Não há nada de ideológico na canção. A idéia partiu sim da leitura do Manifesto Comunista, mas o enfoque dela é totalmente poético e bem-humorado. Ainda mais nos dias de hoje."

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