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Belle and Sebastian lança trilha sonora

Eles estão de volta às prateleiras das lojas com o disco Storytelling (Trama), trilha de uma das histórias do último filme de Todd Solondz, Histórias Proibidas (2001)

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de viver um hype exagerado, o grupo escocês Belle and Sebastian chega enfim à sua verdadeira dimensão dentro do universo pop. É um grupo que faz construções inteligentes com música, mas não é exatamente um grupo de músicos. Como na tradição performática aberta pelo Velvet Underground nos anos 60, eles flertam com as artes visuais e demonstram competência em fazer patchworks sonoros. No ano passado, após alguns anos nas listas de bandas cult dos críticos, eles foram trazidos ao Free Jazz e foi uma loucura. Agora, eles estão de volta às prateleiras das lojas com o disco Storytelling (Trama), trilha de uma das histórias do último filme de Todd Solondz, Histórias Proibidas (2001). Solondz foi o diretor que conquistou o Prêmio do Júri da 22ª Mostra Internacional de Cinema de SP, com seu filme mais famoso, Felicidade, de 1998. Belle and Sebastian, nome tirado de um romance da francesa Cécile Aubry, tornou-se sinônimo de um tipo de música lounge, em geral feito de baladas com um toque "bittersweet". Para falar sobre o novo trabalho do grupo, a reportagem entrevistou Mick Cooke, trompetista e baixista da banda. Agência Estado - Ouvi que Isobel Campbell (cantora e violoncelista que estava no grupo desde 1996) deixou a banda. Por quê? Mick Cooke - É. Ela não estava feliz com a banda naquele momento. Claro, nós ficamos tristes, mas se ela achou que era a hora de partir, não há o que fazer. Temos de tocar o grupo para a frente. Você diz, nas notas de encarte do disco, que Todd Solondz comentou que queria fazer conexão de suas cenas com uma representação sonora do tipo "uma dona de casa mexendo uma panela de sopa de caixinha". Como explica essa imagem? (Risos) É uma imagem de uma propaganda de televisão dos anos 60. Nossa tentativa foi de representar de maneira sonora todo um universo dos comerciais de televisão dos anos 60. Não como algo da pop art, mas como um jingle, uma imagem popular. Buscamos mais um sentimento do que uma imagem, na verdade. Solondz trabalhou com dois compositores na trilha sonora, vocês e Nathan Larson. O que diferencia os dois trabalhos? São duas histórias separadas, com três horas de filme. A nossa história tem uma hora e meia de imagens e diferentes intenções da outra. Então, o desafio foi preencher vácuos de sentido entre as imagens, e não somente dispor canções em uma ordem. Quando começamos, nós não sabíamos o que seria adequado para aquele filme, tivemos de ir descobrindo. É um trabalho muito particular. Também li que, quando vocês foram para Nova York encontrar o cineasta, vocês levaram a trilha de "Pat Garrett and Billy the Kid" na bagagem, para servir de inspiração. É verdade? É verdade. Não era bem o que ele estava procurando, nós descobrimos depois. A música precisava nascer de uma imagem particular. Eu particularmente não sou um grande fã dessa trilha mas outros integrantes do grupo são. Vocês fizeram um show aqui no ano passado com uma platéia ensandecida, que cantava todas suas canções. Por que acha que são tão populares no Brasil? Não tenho a mínima idéia. Não foi algo real, não há nada que se compare à recepção que tivemos no Brasil. Tocamos Mutantes porque, toda vez que tocamos em outro País, incluímos no set list uma música de uma banda daquele lugar. Quando chegamos aí, fizemos uma pesquisa e optamos por Baby, na versão da Gal Costa, porque nossa vocalista ama aquela versão. O pai dela é professor de línguas, deu umas dicas sobre a pronúncia correta e a versão ficou bem legal. O Stevie foi mal no português, escorregou legal, mas o português dela é bem melhor. Como é a cena independente em Glasgow, onde vocês vivem? Costumava ser mais importante e agitada nos anos 90, mas hoje é um pouco conservadora. Há muitas bandas interessantes, é claro, mas menos curiosidade. Serviço - Storytelling. Trilha do grupo escocês Belle and Sebastian. Trama. Preço médio do CD: R$ 29,00. Nas lojas.

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